IR A CUBA? DESISTI.
Poucos sabem, mas em agosto de 1963, Porto Alegre sediou a Universíade, que eram Jogos Mundiais Universitários realizados em diferentes países, a cada dois anos. Com Hino, coral de 6.000 vozes, salvas de canhão, cerimônia de abertura, com o campeão Ademar Ferreira da Silva acendendo a pira, o evento empolgou a cidade inteira. Afinal, delegações de 30 países estiveram presentes. À época, no Ginásio coberto da Brigada Militar, ia eu torcer pelas equipes de vôlei e de basquete de qualquer país da Cortina de Ferro, mas, especialmente, em favor de Cuba. Já era comunista de coração e carteirinha. Nem vou deter-me no período logo a seguir, militando na política estudantil, a serviço do Partidão e com o coração pulsando pelas conquistas de Fidel e Che, lá na distante e paradisíaca ilha caribenha. Cuba era tudo. O tempo foi passando, a cabeça lentamente voltando ao lugar, bem mais centrada, embora permanecesse a fantasia de um dia conhecer Cuba e sua magia. Em 1984, estive viajando durante um mês pelos Estados Unidos, México e Canadá, até a Miami e a Disneyworld eu fui, mas Cuba, por um ou outro motivo, acabou sobrando, ainda que constasse do plano original. Nos últimos anos, combinava férias, ora com meus filhos, ora com a namorada, falava-se sempre em conhecer Havana, mas acabávamos no Nordeste, em Santa, Xangri-lá, na Europa e nada de Cuba. Nos últimos anos, hoje em dia bem menos, muita gente mobilizou-se para conhecer a ilha, principalmente por que o ancião Comandante parece ensaiar seus últimos passos do lado de cá, já com o mano velho no Poder. Cuba, sem Fidel e sem o esplendor original do "Buena Vista Social Club" dos anos 40 e 50 - de Compay Segundo e Ferrer, das empolgantes rumbas, salsas e merengues, como "Candela" - perde um pouco da mística, com todo respeito às opiniões adversas. Mas eu já decidi: não almejo mais conhecer Cuba. Ao menos, não é mais ideia fixa. É claro que iria curtir, mas num contexto bem diferente, se é que me entendem. Em princípio, prefiro ficar apenas na fantasia juvenil, tomando, seja onde for, aquela cuba-libre no capricho, que sempre foi, talvez por tudo isso, meu drinque predileto.