*"De cima ou de baixo, a vida terá sempre um quarto de despejo"*
Do 8⁰ andar do apartamento onde eu estava, mirei os meus aflitos olhos ao redor do jardim de prédios de cor cinzenta, plantados em torres erguidas sem frutos belos num metropole pomar.
Lá em baixo, uma cena provocou-me a insatisfação de visível contemplação, arremetendo-me a uma reflexão como se eu estivesse nos anos 60 ali no bairro do Canindé.
Uma mulher, não sei se bela, não sei se feia mas de gesto nobre, hercúleo e dedicado ao ofício da sobrevivência humana através do seu constante labor.
Empurrando um carrinho, lá estava ela num pequeno aclive da rua mas que lhe forçava imprimir com mais vigor a saliência à sua frente.
Papeloes, caixas de varios tamanhos, onde solitário pude vislumbrar de cima a sua lida.
CAROLINA MARIA DE JESUS. De tempo atual, foi esse comparativo que viera automaticamente em minha mente.
A mesma fibra, o mesmo vigor de dizer pra vida quão importante é o lidar.
Eu sorri, pelo ato comparativo da cena vista, e pelo recordar de uma figura que retratou para mim a cena do momento, mas posicionei-me nesse refletir, que não importa o tempo, pois os exemplos são e serão os mesmos por tantas amáveis Carolinas.
So para ilustrar, lembrei-me de um poeta que um dia disse num dos seus versos:
*"JANELA DE ÔNIBUS, É DANADO PRA BUTAR A GENTE PRA PENSAR"*
Concordo com voce, meu amigo e poeta Recifense Miró da Muribeca, mas acrescento no teu estético quadro ilustrativo da poesia, para fazer uma esticagem das tuas palavras, onde eu assim diria com o meu vasto respeito a ti:
*"JANELA DE PRÉDIO, É DANADO PRA BUTAR A GENTE PRA PENSAR, QUE APESAR DO TEMPO, OUTROS TEMPOS AINDA PODEM SER VISTOS DO ALTO OU ABAIXO DA JANELA DA LINHA DOS OLHOS DE CADA UM DE NÓS"*
Carlos Silva - São Paulo - SP
07.07.23