Uma Vida de Circo XIII
A viagem de núpcias
Terminada a cerimônia do casamento, houve um rápido café. Os nubentes iam partir para a lua de mel.
Perguntei ao fazendeiro:
- Para aonde vamos?
- Para Carmo do Cajuru, respondeu-me.
Onde fica esta cidade?
- Aqui perto, ele disse.
- Qual a condução? A jardineira já partiu.
Aí ele mostrou-me uma parelha de cavalos, por sinal muito bonitos, que estavam embaixo da árvore.
- Aqui está a nossa condução, disse-me.
Para mim não foi problema, porque estava acostumada a viajar a cavalo. Fomos para Carmo do Cajuru numa viagem tranqüila. Quase não conversamos. Não tínhamos nenhuma intimidade. O namoro e o noivado foram muito curtos.
Chegamos à tardinha e nos hospedamos em casa de amigos que já nos esperavam e tudo aconteceu normalmente.
Ao fim de uma semana, estávamos de volta, montados nos mesmos cavalos. Viajamos o dia todo, muito sol e poeira. Estava já cansada e doida para conhecer a fazenda.
-Ainda está longe?
- Já estamos chegando, Loura.
Passamos uma porteira, atravessamos um curral e finalmente chegamos. Estava nos esperando uma mulher com uma lamparina acesa na mão.
Ele disse:
- Esta é a preta Bárbara., a serviçal da casa.
E dirigindo-se à preta disse:
- Esta é a sua Patroa.
O que eu mais precisava naquela hora era um bom banho e uma cama. A viagem foi muito cansativa.
O peão foi me mostrar a casa.
(Do livro “Retalhos de Uma Vida" - de Aparecida Nogueira)