Amleto, O gato.

“Lá vem ele, vejam só! O pomposo imperador!”

     Dizem os séquitos daquela realeza felina, aquela formosa mistura de vira-lata com angorá, Têm pêlos alvos e sedosos — quais poucas criaturas ele permite tocar. E quando caminha pela frente de casa todos ficam encantados ao o vislumbrar.

”Se não é ele, vejam só, lá se vai o pomposo imperador.”

     Gritavam os séquitos, entusiasmados, ao fitarem-no de longe em todo seu esplendor. Ele tinha os ares pomposos, dignos de um animal de sangue real, mal sabiam que aquele felino de raízes ancarianas, era de um todo natural. Como seus símiles, indomável e marginal.

“Olha ele de novo, vindo cá, deixem-no passar! O pomposo imperador.”

     Aclamavam os jograis, admirados, sempre que o viam passear. Nunca se viu um quadrúpede que soubesse, como ele, desfilar. Toda a rua e calçada, muros e telhados eram uma passarela para ele. E quando sentava, ereto e posturado, até tinha um quê de humildade ao ronronar.

“Gatos também sonham?”

     Perguntava o menino ao apontar-lhe. Quem saberia dizer?

     Logo ele levantava de seu sono, disposto e faminto, era aquele o cheiro da felicidade. Pequenos e salgados petiscos!

BARDUS
Enviado por BARDUS em 19/07/2023
Código do texto: T7840568
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