O ontem que hoje revivemos, para exemplos do amanhã...

O ontem, algo que se foi, passou e que no hoje, a gente recorda, sente saudades, lembranças tantas e se vê (em alguns momentos) impossibilitados de voltar ao tempo, pois isso não será jamais possível faze-lo ; O Ontem, tem um peso muito grande no nosso lembrar.

Não posso mais isso, eu fiz aquilo, eu fui ali, e tudo isso já vem com o termo no tempo passado, obrigando-nos perceber que o tempo passou tudo se foi e cá estamos costurando em colchas de retalhos as lembranças de tudo aquilo que vivemos, presenciamos, praticamos ou simplesmente sonhamos.

Acho que a essência da vida está em você perceber que o tempo dos nossos pais se foram e os nossos também estão indo, para entrar na galeria vasta das lembranças e tentar repassar na memória como se fosse um filme um longa metragem que deu origem a uma série de experiências onde misturamos convívios, cores, paisagens, retratos, canções, gostos, o importante é ter na consciência de que tudo que se viveu, tudo que se aproveitou valeu a pena, pois de nós, restará apenas as lembranças desses memoráveis tempos idos que marcaram nossa existência.

Frustrações? Nossa, quantas... Sonhos desfeitos? Vários... mas se peneirarmos o existir, sorriremos ao lembrar até das coisas que deram erradas, ou não era para dar certo, pois por algum motivo nem tudo que pensamos que é o certo para nós, é certo para o universo que rege as leis das compensações. O tempo de Deus, é diferente do nosso tempo. Ainda bem que é assim, pois somente assim, as coisas tencionam ser verdadeiramente certas.

Voltando a falar do ONTEM, ontem um amigo meu me perguntou minha idade e eu lhe respondi que tinha completado 60 anos dia 14 de abril P. passado. Ele é um pouco mais velho que eu, e então ele me disse: “AMIGO, (Quer admitamos ou não) O NOSSO TEMPO PASSOU”.

Pensei comigo: Que história é essa que o nosso tempo passou? Talvez, percebendo a minha reação pelo franzir do cenho, ele completou seu raciocínio dizendo:

Preste atenção no que vou lhe dizer e veja no final da minha narrativa se tenho ou não razão.

“O que fazíamos antes, onde fomos, tudo que um dia a gente fez quando mais jovem, jamais faremos outra vez. Eu nuca saltei de paraquedas e você acha que eu teria coragem hoje de fazê-lo? Eu já dormi na praia nalgum canto na areia, você acha que hoje eu teria coragem de fazê-lo? Na nossa época, tudo é permissível, os perigos são elixir que nos impulsiona a adrenalina, o medo, é transformado em aventura, os prazeres são prazeres que aguçam nossas vontades, nossa libido e o nosso tesão que já não é mais o mesmo e não adianta querer nos enganar que temos aquela potencia dos 18, dos 20 dos 22 anos em que o desejo aflorava com mais intensidade. Com quantas mulheres já transei na minha vida, quantos movimentos de VAI E VEM eu pratiquei, em quantas camas dormi, quantas bocas beijei, em quantos corpos entrei, mas tudo isso ficou la atrás e reconheço que não posso mais (ainda que queira) voltar a fazer tudo isso que já fiz, não, eu não seria idiota a ponto de dizer: SOU O MESMO HOMEM DE 30 ou DE 20 ANOS ATRÁS. Você está entendendo o que digo?” Respondi (Com muita reflexão em cada detalhe do seu dizer) que sim, e pontuei algumas observações que de fato eu não tinha parado para refletir sobre isso. De repente memorizei nas palavras dele e uma pequena frustração, lamento ou saudosismo, quiçá um sentimento de regresso no meu intimo sobressaltou do meu pensar e me ausentei de onde eu estava para penetrar noutra dimensão de pensares e das possibilidades de acreditar que INFELIZMENTE ELE ESTAVA CERTO.

Digo, infelizmente, pois não é fácil admitir que lamentavelmente, nosso tempo de fato acabou. Mas acabou para algumas coisas em que não encontramos a agilidade ou até mesmo a coragem em fazer. O arriscar, o VIVER PERIGOSAMENTE, o se atirar de cabeça para depois pensar no que poderíamos ter feito ou evitado fazer.

Choque de reflexão, cobrança de um existir que hoje mostra um outro lado desse próprio existir, ao qual chamamos de efemeridade.

Continuando na sua filosófica interpretação da vida, o meu amigo ainda me disse: Não se assuste meu garoto sessentão, apensa reflita o que você está querendo para os últimos tempos do seu existir. Pode ser daqui um mês, um, ou dez anos, mas desde já comece refletir e aceite que temos menos tempo para viver do que já vivemos e isso não é um castigo não, é uma realidade que personaliza o nosso caráter e a nossa forma comportamental daqui por diante.

Vou lhe dar um exemplo: Quando vejo um jovem correndo, jogando bola, soltando pipa, sorrindo, dançando se alegrando com os seus amigos, isso me traz uma lembrança de tudo quanto vivi, e você pensa que não sinto um abalo dentro de mim ao contemplar essas cenas?

Tem coisa mais bela do que ver um casal namorando e dizendo, ouvindo e fazendo tudo aquilo que um dia também fomos protagonistas em fazer?

Eu riu sozinho e agradeço ter vivido tudo que vivi para contar minhas histórias, juntar minhas memórias e brindar a vida por ter vivido até aqui com esse privilégio de refletir e de estar passando a você essas coisas que são mágicas, mas que tem um tempo de validade que não podemos recusar. É como se vivessemos com um código de barras que controlam nossa existência

Se chegamos até aqui, é por que nossa história merece ser contada de alguma forma, nem que seja para nós mesmos, para um grupo de amigos, para esses jovens ávidos de tudo que um dia já foi nosso também. Agora serão eles que continuarão o nosso caminhar e tomara que eles saibam aproveitar cada pedaço do seu tempo como nós aproveitamos o nosso, herdado de outras tantas gerações passadas que tiveram as mesmas oportunidades que tivemos para concluir esse ciclo do existir chamado vida. Vou lhe ser franco em dizer: FAÇA O QUE AINDA TEM VONTADE (OBEDECENDO OS SEUS LIMITES É CLARO). Diga o que não disse, faça o que não fez, curta o que não curtiu, viva o que não viveu e se ainda for possível, goze tudo aquilo que não gozou na vida, pois daqui ha pouco, tudo serão apenas essas doces e tao memoráveis recordações.

Vamos respeitar a natureza de tudo que a vida nos dá e saber a ela agradecer cada pedaço de instantes que por aqui já estivemos e ainda estaremos até a consumação da volta maior do ponteiro da vida. Não se culpe e nem se arrependa, apenas viva o que voce ainda tem pra viver.

Se aproveitamos de fato as oportunidades da vida, não saberemos jamais. Mas o importante é ter esse momento em que estamos nos dando o prazer consciente de confabular essa prosa que para muitos talvez seja vista como uma ação sem tanta importância, mas que para nós, é um retrato exposto na moldura da nossa consciência e da gratidão que temos de ter vivido até aqui.

Foi aí que perguntei para ele: Porque você não escreve um livro dessas histórias que estão fervilhando na sua cabeça, SEU CORNO VELHO? Ele sorrindo me responde: O Escritor aqui é você e tenho certeza que você irá construir alguma coisa em relação a essa nossa conversa. E se as pessoas não quiserem perceber essas coisas, elas que se lasquem. (Rimos parecendo dois adolescentes que fazem suas narrativas se vangloriando das suas conquistas)

Parece que estas eram as palavras finais da sua narrativa e ele com seu jeito sempre descarado, ousado atrevido e ainda moleque me disse: Vá pra casa, pegue sua mulher com carinho e com a experiência que esses 60 anos lhe ensinou como fazer, e faça amor com ela como se fosse um menino, pois as melhores lembranças das nossas vidas estarão nas quatro paredes das nossas casas, ao lado da pessoa que verdadeiramente nos ama e dividiu conosco cada segundo do seu viver ao nosso lado, para que assim construissemos com graça e beleza a nossa importância de vida nessa terra. O Resto, é apenas a sobra de tudo aquilo que não presta e que já nem lembramos mais.

FIM...

CARLOS SILVA POETA CANTADOR
Enviado por CARLOS SILVA POETA CANTADOR em 16/07/2023
Reeditado em 18/07/2023
Código do texto: T7838089
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