Com sabor de fruta mordida
Dez dedos. Dez dedos alongados. Dez dedos alongados e posicionados a espera delas. Ao menor vislumbre de ideia, surgindo, se aproximando lentamente lá do fundo da mente, eles, em riste, atacarão o teclado, colocarão finalmente os benditos caracteres na tela a pouco em branco.
Contudo, e apesar de tudo, embora a necessidade de preencher os silêncios com elas, as palavras, meu maior desejo é que nossa melhor comunicação, na verdade, se torne assim: calada, silenciosa, muda de sons, invisível. Acredito que quando estivermos em um nível de ouvir o que diz nosso silêncio, interligados por algo que vai além, que é mais forte, mais intenso e profundo do que o verbo tagarelado, teremos o verdadeiro entendimento um do outro.
Não quero que sejas nenhuma Amélia,
menos ainda que termine como Ofélia.
E antes que se cacetei,
ou diga que a chateei,
que se sinta ofendida,
também pretendo amor tranquilo
com sabor de fruta mordida...