FELICIDADE E O TEMPO

Vou considerar apenas vinte e poucos anos passados.Era feliz trabalhando das 9 às 17 horas e trinta no Banrisul, mais cerca de duas horas no meu Escritório (durante muitos anos) e aulas na PUC à noite, até perto das 23 horas, de duas a três vezes por semana. Um pouco de trabalho em casa e, eventualmente, no Escritório aos sábados de manhã. Morava só, separado, em meu apartamento de solteiro na Rua Fernando Machado. Boas festas e convívio seguido com os filhos. Acontecimentos em casa ou bares e casas noturnas com alunos e amigos. Não era tempo de grandes viagens ou cachorrinhos, mas,sim, de excelentes veraneios em minha casa em Xangri-lá, com eventos marcantes. Algumas vezes em Santa Catarina, também, ou viajando com os filhos para a Bahia ou Alagoas. “Tempus fugit”, muita coisa se altera, uma nova relação finca raízes, os filhos crescem, o apelo para viagens mais ousadas retoma seu curso. E assim o ritmo de trabalho diminui aqui e a vontade de outra vida expande-se ali. Retomam-se os sonhos temporariamente arquivados e o mundo se abre para o desbravamento a dois.E vamos que vamos.Depois, em vista do fluxo do tempo e dos acontecimentos, surge naturalmente o compromisso, a nova casa necessária, os cachorrinhos e todas as relações em volta. O trabalho acaba, a vida familiar toma conta, enriquecida, e novas perspectivas desenham-se: Gramado, como lar de refúgio e folguedo para quem ama o frio, praia no verão e alguma viagem esparsa em função dos bichinhos, que, afinal, coroam todo e qualquer convívio humano. Certa rotina é fundamental e serve para valorizar empreitadas. Sim, tudo muda,mas, seja como for, a felicidade básica permanece. Só não é possível a pretensão de repetir o que já foi e passou. Ademais, nem tudo é perfeito.