My darling dog, te amo. I love you.

My darling dog, te amo. I love you.

por Márcio de Ávila Rodrigues

[24/04/2023]

A palavra "amor" sempre teve um significado mais profundo, de uma relação pessoal muito forte.

Mas tenho observado uma redução desta força semântica, decaindo até para uma relativa banalização.

Acho muito estranho quando alguma atendente de loja me chama de "amor". Nunca viu minha cara e provavelmente nunca mais verá.

Essa banalização é mais um reflexo da tradicional influência da língua inglesa, principalmente dos filmes, que mostram personagens dizendo "I love you" no final de uma despedida rotineira.

O “love”, nestes casos, não tem o peso semântico que o “amor” já teve no Brasil. É um formato linguístico que o brasileiro só recentemente passou a copiar.

E o extremismo da banalização eu vi dias atrás, de manhã, quando uma moça saiu de uma casa vizinha, virou-se para alguém, disse "te amo", e caminhou em direção a um automóvel.

Quando andei mais uns cinco ou 10 metros, pude ver a face do alvo do "te amo": era um cachorro.

Aliás, eu acho que ela, na pressa, se esqueceu de dizer a frase completa mais adequada para o caso: "my darling dog, te amo". E tchau.

Sobre o autor:

Márcio de Ávila Rodrigues nasceu em Belo Horizonte, capital de Minas Gerais, Brasil, em 1954. Sua primeira formação universitária foi a medicina-veterinária, tendo se especializado no tratamento e treinamento de cavalos de corrida. Também atuou na área administrativa do turfe, principalmente como diretor de corridas do Jockey Club de Minas Gerais, e posteriormente seu presidente (a partir de 2018).

Começou a atuar no jornalismo aos 17 anos, assinando uma coluna sobre turfe no extinto Jornal de Minas (Belo Horizonte), onde também foi editor de esportes (exceto futebol). Também trabalhou na sucursal mineira do jornal O Globo.

Possui uma segunda formação universitária, em comunicação social, habilitação para jornalismo, também pela Universidade Federal de Minas Gerais, e atuou no setor de assessoria de imprensa.