Perfil
O que é um perfil? Sintetizo, definindo-o como um conjunto de características que individualizam uma pessoa. Não é, certamente, uma definição específica, clara, óbvia. É, na verdade, genérica e abrangente, o que me obriga a selecionar os fragmentos de minha vida e de minha formação adequados a um objetivo específico: o desta Página do Autor.
Através deste veículo novo, moderno e ágil — a internet — tornou-se possível para qualquer autor publicar o que gostaria de transferir de dentro de sua mente para o mundo exterior, de forma que pudesse ser lido e entendido por outros companheiros da estrada da vida que se dispusessem a conhecer suas experiências e pensamentos. E sem o custo e as dificuldades de divulgação inerentes à literatura impressa, que só tornam rentável a atividade para o escritor genial, para o escritor de livros técnicos ou especializados, para os que são ligados a importantes veículos da mídia, e mais algumas poucas exceções.
Delimitado o foco e escolhida a opção natural pela primeira pessoa do singular, abro esta autoconceituação com uma síntese do meu perfil presente, atual: o intuito é permitir a um eventual leitor contextualizar os artigos e os demais textos que considerei adequados para o perfil do público consumidor de leituras e informações.
Hoje eu sou, basicamente, um comunicador social. Antes eu me classificaria como jornalista, mas esta palavra está a caminho de perder o seu significado original e pode até cair em desuso, pois se refere ao jornal impresso, que agora divide suas funções com o rádio, a televisão e a internet. Sou um comunicador especializado na palavra escrita, nos textos. Estou afastado da grande mídia — os MCM, meios de comunicação de massa —, o que me torna um comunicador social de nicho, de um pequeno grupo social. Um purista das definições poderia até recusar a agregação da palavra social a esta autodefinição, mas o menos purista me defenderia, pois é impossível caracterizar um grupo social pelo número mínimo de indivíduos.
Pelo menos, posso afirmar que minha formação técnica é de comunicador social. Comecei a trabalhar no jornalismo — e nos MCM — quando a profissão ainda não era regulamentada e nem exigia formação universitária obrigatória. Mas optei por buscar depois esta formação, que hoje perdeu a obrigatoriedade legal. Obtive o título de bacharel em Comunicação Social, habilitação Jornalismo, em 1992 pela Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas (Fafich) da Universidade Federal de Minas Gerais, situada em Belo Horizonte, a capital.
Ansioso pela continuidade da formação técnica, ainda cumpri parte do curso de Letras pela mesma UFMG, mas não o concluí. Outros trabalhos e ocupações reduziram a minha disponibilidade de tempo, e eu não precisava do título de bacharel em letras pois já trilhava um caminho profissional definido. Mas aproveitei bem aquele meio-curso, incluí novos conhecimentos, ferramentas e técnicas auxiliares no uso desta complexa língua portuguesa.
E para encerrar a informação sobre a escolaridade oficial: antes do jornalismo e das letras eu já possuía o diploma de médico-veterinário, que foi a minha primeira passagem pela UFMG. Uma profissão que exerci como acessória, jamais principal — contrariando sonhos e objetivos — até me licenciar junto ao Conselho Regional, anos atrás. Basicamente, foram dois os motivos da desistência: nos anos 1980, duas hérnias de disco na coluna vertebral lombar dificultaram bastante a capacidade de trabalhar com cavalos (minha especialidade), e, depois, o desaparecimento do meu principal mercado de trabalho, as corridas de cavalos em Belo Horizonte.
A ciência (através da medicina-veterinária) e a prática do jornalismo foram caminhos naturais para alguém que desde o início da juventude optou pela compreensão (do) e participação (com) o mundo real. Estabeleci OBJETIVIDADE como palavra-chave, como pré-requisito para a realização de atos individuais e sociais, e para as pesquisas e análises.
Escolhi a sociedade humana, especialmente a brasileira, como objeto-mor de pensamentos, análises e escritos. É uma forma de idealismo: o desejo de que o ser humano alcance um padrão razoável de vida, já que a perfeição é impossível. Um desejo que norteia esta atividade de produção cultural. Uma produção intelectual, mas com a prévia recusa das conotação elitista desta palavra.
Entrando no pantanoso e perigoso terreno das definições, o grupo social — e não o indivíduo — é a formação básica mínima da sociedade humana. O indivíduo só existe em função de um grupo social — pequeno ou grande — portanto é um componente, não um extrato. Algumas sociedades entenderam melhor esta definição e se destacaram no mundo contemporâneo, o que permitiu que seus componentes individuais alcançassem um melhor padrão de vida.
Análise, observação e objetividade implicam, no Brasil, em encontrar mais erros do que acertos. Em criticar e em apontar soluções. Mas não tenho a pretensão de corrigir o povo brasileiro, e seria tolo se a tivesse. Não conheço nenhum cientista social respeitável que valorize a omissão, a indiferença, a atitude de carneiro de rebanho. Estou fazendo a minha parte, mas não o faço por obrigação, por regras sociais que me imponho. Escrevo preferencialmente sobre questões sócio-brasileiras por opção, pois o assunto me cativa. E análises do cotidiano brasileiro, dos problemas causados por erros de conduta social, são assuntos intermináveis.
Frequentemente escolho um tema — geralmente o ponto de partida é um fato real e específico — e planejo redigir uma nota, apenas registrando o episódio. Mas durante a redação geralmente agrego novas idéias ou novos exemplos do cotidiano, e estendo o texto para um artigo completo. E muitas vezes estas idéias se desdobram tanto que divido o artigo, criando uma série.
E novos temas surgem, ultrapassam meu tempo disponível para pesquisas, análises e redação de texto. Na fila para finalizar textos, pastas plásticas guardam rascunhos a mão, guardam textos impressos à espera de mais uma revisão ou da revisão final, guardam até ideias vagas lançadas em uma única linha, no simples tema. Mundo, Brasil e raça humana são veios inesgotáveis.
Quanto ao estilo de redação, adotei para textos a serem lidos na tela de computador o padrão de parágrafos unifrásicos. A frase se transforma no próprio parágrafo; ao invés de expor parte de uma ideia, ela contém a ideia completa que seria exposta em um parágrafo padrão. Em termos de elaboração de conceitos e pensamentos, trata-se de uma pequena mudança na forma. Mas o objetivo é o visual, o gráfico: a maior divisão e o aumento do número de tópicos tendem a estimular o processo cerebral de leitura e cansar menos.
Algum dia a tecnologia conseguirá criar opções de veículos físicos adequados a uma leitura mais fácil e confortável do que a proporcionada pelo papel impresso, mas não é o que ainda acontece no presente. Ler em telas de computadores e “book readers” cansa o corpo e a vista.
O esforço e o tempo despendidos por este criador de “parágrafos unifrásicos” são até maiores, e raramente eu publico um texto logo após a primeira redação. Geralmente releio várias vezes, corrigindo, alterando, acrescentando, cortando; editando, enfim. Sempre com a intenção de verificar se cada frase-parágrafo está realmente clara, direta e bem elaborada, se substitui adequadamente o parágrafo multifrásico tradicional. E, também, se mantém a sequência lógica com o parágrafo anterior e com o subsequente. Além de tudo isso, confiro a variabilidade gramatical, evitando que frases espacialmente próximas tenham as mesmas palavras iniciais, ou a mesma sequência estrutural.
Este trabalho de edição é feito, quase sempre, sobre o rascunho impresso, depois de digitado no computador. Curiosamente, uso uma velha técnica como instrumento para a elaboração de um trabalho que vai ser apresentado em uma tecnologia nova, pois meu cérebro consegue melhores resultados na revisão de um texto no papel do que diante de uma tela de computador. Por isso imprimo — e muitas vezes reimprimo — o texto e aproveito para escrever a mão as modificações nos cantos e buracos. O esforço é maior, mas se meus objetivos fossem preguiça, repouso, omissão e indiferença eu não estaria trilhando por estes caminhos.
(Um par de parênteses: os hiper-ecologistas poderiam citar a confissão acima — o gasto excessivo de papel com texto impresso — como um exemplo de desrespeito à natureza, mas existem correntes de especialistas que vêem esta questão como um exagero, pois papel pode ser reciclado e também extraído de árvores de ciclo curto e fácil substituição. Não é a mesma situação do plástico, e derivados do petróleo em geral.)
Neste espaço oferecido à leitura do público, me dou o direito de fugir da temática que adotei como preferencial e incluir textos de outras áreas de interesse, como pesquisas genealógicas, experiências pessoais e histórias do mundo das corridas de cavalos, meu esporte favorito.
Esta é a minha versão, um resumo-resumão de um perfil que tenta ser adequado para a contextualização de meu conjunto de escritos.
[maio de 2010]