Distinção entre os Cientistas da Religião e os Teólogos

Dentre às minhas formações acadêmicas, possuo uma bem curiosa para muitos, em Ciências das Religiões. Por conta disso, passei num concurso público de provas e títulos para lecionar a disciplina Ensino Religioso Não Confessional, o mesmo que História das Principais Religiões. Era obrigatório nesse concurso ter a formação nessa área curricular pouco conhecida.

Mas, não sou e nunca fui Teólogo. Existe uma diferença marcante entre o Cientista da Religião, o que sou, e o Teólogo. Parafraseando Mário Sérgio Cortella, a distinção é a seguinte: “O Teólogo fala de Deus. O Cientista da Religião fala sobre Deus. Quem fala 'de' alguma coisa, fala de dentro; quem fala 'sobre' algo, fala de fora".

Deixando mais claro o raciocínio: eu nunca sofri racismo e homofobia. Portanto, não posso falar do assunto. Mas, posso dissertar, e disserto, sobre ambos os temas porque estudei os inúmeros tipos de preconceito e de discriminação.

Nesse exemplo acima, quem fala de racismo e de homofobia são aqueles que sofreram na pele e são a cada dia discriminados. Eu falo sobre, de fora, porque não sofri a discriminação, mas estudei sobre o tema.

Como eu nunca passei fome, logo, não posso falar dela. Mas, posso falar sobre essa questão e sobre às desigualdades sociais, lembrando que fome e apetite são coisas completamente diferentes: fome é a ausência de comida; apetite é a expectativa que se vai comer.

Com esses exemplos, creio ter ficado clara a distinção entre nós, os Cientistas da Religião, que estudamos e pesquisamos o fenômeno religioso e tentamos explicá-lo de forma objetiva, isenta e mais neutra possível, com base no que a ciência e as pesquisas históricas orientam, aos teólogos, que falam sobre a sua própria religião e, por conseguinte, não discorrem com isenção e neutralidade, e nem tentam fazê-lo.

Acioli Junior
Enviado por Acioli Junior em 14/02/2023
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