FÉ NA HUMANIDADE

Ainda agora, quase que mais um ser humano perde o restinho de esperança que tem na sua própria espécie. Foi por um fio.

 

Tudo aconteceu enquanto eu e meu filho, um ser humano as vésperas de 4 anos de idade, que cresce e diminui a sua própria conveniência. Se é para usar cueca... deve ainda usar fraldas  porquê é um bebê; mas se quer um skate, já pode porquê é grande... Mas, essa é a beleza de ser ter quatro anos. E quer saber outra característica que deixa esse período mais belo? O dom de prestar atenção àquilo que nós adultos nem percebemos ainda que esteja piscando como faróis de led envolto em um mamute cor de rosa.

 

Um homem entra na farmácia como qualquer outro homem, mulher ou menino e cães entram; não sei na sua cidade, mas aqui as farmácia vendem remédio para picadas de pulgas igual a xarope, tudo por causa dos Caramelos que dormem dentro destes estabelecimentos. Certo dia, um mendigo para se proteger da chuva foi impedido de entrar, mas o seu cachorro foi bem acolhido! Quem mandou nascer gente??? Cachorro bem melhor! Mas, voltemos ao foco do texto. 

 

O homem entra e saúda os demais seres humanos que estão na fila com um caloroso bom dia. Mas, parece que seu tom de voz não foi o adequado. Incrédulo, faz uma careta de interrogação com o franzimento de testa e aquele olhar de incrédulo que só os incrédulos tem: um olhar de incredulidade.

 

No momento em que ele afinada a garganta para outro "bom dia", ele recebe uma resposta.

 

—Bom dia!

 

Procura de onde veio e logo ver que foi uma criança que estava ao lado de um barbudo com uma camisa de Chewbacca ou um autorretrato. Só para fazer um esclarecimento, a criança é o meu Vicente e o barbudo da cara de Chewbacca sou eu.

 

Então, o velho  incrédulo, meio que dá um suspiro de alívio, enxuga com um lenço de papel a testa molhada com o suor da incredulidade e com o olhar de esperança e os lábios arqueadas,  quase formando um sorriso, inclina um pouco a cabeça e entra satisfeito na farmácia para comprar o seu celeste calmante.

 

E assim, Vicente foi o responsável pela fé na humanidade não ir faze companhia a outras "vacas", que desiludidas, já partiram para o brejo há muito tempo.

 

Ninguém mais percebeu a não ser o velho, Chewbacca e eu. E este seria um término clichê para este texto, mas, ao  contar para alguns amigos, logo fui chamado de mentiroso: "Esse George tá mentindo com essa história de bom dia na fila da farmácia. Quem D'iabos dá bom dia em fila de farmácia, padaria ou banco!!!" Essa é a credibilidade que nós recebemos no dia a dia quando dizemos que somos escritores. Por pouco perco a fé na humanidade, e também faço as malas e vou viver viver com as vaquinha lá no brejo, mas ai, lembro do meu Vicente com a sua empatia me mostrando que nem tudo está perdido.

 

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George Itaporanga
Enviado por George Itaporanga em 30/01/2023
Reeditado em 29/12/2023
Código do texto: T7707130
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