O poeta operário (a Maiakóvski)
Tenho chuchurreado café pelas manhãs enquanto ouço os sons dos pássaros da mata. Os pensamentos, estimulados pelo moca preto, feito na hora, ingerido sem um único grão de açúcar em xicara grande, se emendam, saltam, se sobrepõem uns aos outros. Eventualmente a musa infiel tem aparecido. Visita lenta, preguiçosa, peças de um quebra-cabeça de palavras a serem montadas com muita paciência e tempo. Todavia, há muito serviço a se fazer por aqui. E, além do mais, apesar de à primeira vista parecer ilógico, o trabalho bruto, pesado, sob o sol escaldante, fora sua maior utilidade em muitos casos, é também mais simples de executar. Assentar palavras, diferentemente de assentar blocos, exigi músculos no cérebro que não são tão fáceis de enrijecer. Nem mesmo toda cafeína do mundo, a droga estimulante que impulsionou toda uma revolução industrial outrora, pode estimular, trazer a energia necessária para um bom texto a ser construído na tela do computador...