A vida ao ar livre
O Morceguinho vai gostar daqui, tenho certeza. Talvez, caso você não consiga o Remoto, ele ainda tenha que te esperar chegar do trabalho para te dar aquelas mordidinhas que tanto gosta, mas, em compensação, o quintal é grande e o centro da cidade é próximo, de lá para cá será um pulo. O aperreio dele será menor. Aperreado mesmo ele deve estar aí, nesse apartamento, trancado, mofando junto com os móveis nesses dias de chuva. Cá tem espaço pra correr ao ar livre, um areal a se perder de vista. De Abolorecimento estará a salvo.
Além do mais, fora a imensidão de quintal e toda mata em volta, aqui ele terá a companhia do Theo, da Melinda, do Tobias, da Josephina e da Mizaela. Ou seja, a gatalhada toda. Agora, quanto ao estêncil, sem chance. Como já era esperado, nem sinal do B.a.. Façamos assim: cortemos nós mesmo nosso gatinho preto, vesgo, com um cocar indígena. Era essa a ideia, um estêncil nesses moldes, não era? (Bansky que se cuide!).
E tem mais: parapeitos de janela para o Eddie sentar sobre e fazer aquela panorâmica que ele tanto gosta, aqui na nossa casa não vai faltar. Serão quatro janelas disponíveis para isso, só para ele se acomodar nos finais de tarde e olhar os raios ultravioletas do lado de fora. Isso sem falar nos espaços dentro da casa, onde vai poder ficar pra lá e pra cá, no teu encalço feito um desses Shih-Tzu de madame, até ele se cansar.
As paredes da casa estão sendo levantadas, daqui a mais um pouco será só mobilhar. Já temos o liquidificador que seu amigo Grandão nos deu, ou seja, a vitamina já está garantida. Quanto ao resto do mobiliário, esperemos mais amigos serem tocados de nos presentear com alguma peça, nem que seja, vá lá, um abridor de latas. Oremos. Muitos nem nosso livro compraram. Mesmo tendo prometido. Quem sabe dessa vez se comovam de nos apadrinhar de verdade.
“Vó Adenize, o dia amanheceu em Itanhaém, tá na hora do meu café, levanta, vai!”.