Eu Itamirei, toda minha Aporacidade
Desfrutei de momentos memoráveis quando menino de pés no chão, correndo por entre as ruas que guardavam os meus infantos tempos primaveris, numa vila de poucos pés de gente, que foi crescendo, crescendo se agigantando e tomando forma de uma cidade, mesmo sem o merecido título recebido.
Em cada pedaço daquelas calçadas (que antes eram lamas) tem as minhas marcas como forma identitária do meu pertencimento aquele pedaço de chão, que um dia foi tão meu.
Meu só não. De meu pai (Otacílio) e da minha mãe (Elza Xavier) dos meus irmãos recebidos e dos que vieram junto comigo para ali podermos alinhar o eixo do nosso existir.
Tornamo-nos muitos e hoje, ao voltar para a minha vila de menino, vejo o pouco dos que muitos éramos, dividindo essas cumplicidades infantis e que hoje debruçam sobre os meus olhos o enxaguar de lágrimas em saudades tantas.
Meus pés, talvez não caibam ou não se ajustem mais nas calçadas (hoje pavimentadas), mas do meu sentir, e do meu olhar, ninguém ali poderá tratar-me como estranho, pois o titulo de forasteiro eu consegui rasga-lo desde quando por ali cheguei, no Século passado do ano de 1967.
Penso que eu ainda tenho muito para te dar Itamira, só não sei (e dúbios são esses meus solitários pensares) se ainda resta em ti, uma faísca de querer receber de mim, o que ainda me resta a te oferecer.
Deixar-te? Só no físico, pois por onde quer que eu vá, as mesmas ruas ainda se desenham em minhas lembranças e te vejo com o mesmo olhar da meninice há muito deixada para trás. Serei sempre Itamirense, e por sê-lo, como deixar-te se estás dentro de mim pulsando em cada memoria guardada?
Que a paz nos siga, e nos faça cumplice desse nosso (ou meu) sentir.
Carlos Silva
Ex estudante do (modernizado) Colégio Dr. Jairo Azi.