O jogo da final de 2002, os 40 primeiros segundos e outras...

 

Amigo leitor, deixa eu te fazer uma pergunta: " Onde você estava no dia 30 de junho de 2002?" Alguns mais atenados já ligaram a data ao título da crônica e acertaram cheio: o dia do pentacampeonato.

 

O estádio testemunha da conquista da nossa 5 estrela foi o Yokohama no Japão, foi a copa da madrugada.

 

O Brasil passou invicto pelos três primeiros jogos. 2x1 contra a Turquia, 4x0 contra a China e 5x2 contra Costa Rica. Que campanha!!!! Se bem que, essa chave foi marmelada, a tempo já meto outro "se bem", pois não existe mais seleção "café com leite", vide a seleção da Arábia que abateu a Argentina no primeiro jogo da copa de 2022, por 2 X 1.

 

Nas oitavas o Brasil eliminou a Bélgica e nas quartas a Inglaterra. Pegando s Turquia novamente na semifinal, surpreendentemente, e a eliminou de vez. Indo para a final contra a Alemanha que vinha de duas vitórias, inclusive a lavada de 8x0 contra a Arábia Saudita e um empate contra a Irlanda. Ainda eliminou o Paraguai, EUA e a também anfitriã Coreia do Sul na semifinal, indo à final com a seleção Canarinho.

 

E chegamos ao dia 30 de junho de 2002. A grande final. Nervos à flor da pele. Em 98 nossos gritos de vitória ficaram entalados com a derrotas para França. Dessa vez ainda não sabíamos, mas a vitória seria nossa.

 

Aos 40 segundos já acontece o primeiro lance que poderia ser um dos gols mais rápidos das copas. Rivaldo e Ronaldinho Gaúcho trocam passes. Na verdade, a jogada inicia com o goleirão da Alemanha dando um chutão para frente. Na disputa pela bola já do lado brasileiro ganha o jogador alemão

número 22, que logo a perde, caindo a bola nos pés de um brasileiro, que não consigo identificar, que chuta para frente e ainda entra em cena o Ronaldinho Gaúcho que ,num bate rebate com Rivaldo, corre feito o vento pela esquerda com o gingado moleque que o caracterizaria, o suficiente para colocar os defensores alemãs em tensão. Afinal é o Bruxo que está com a bola.

 

Na arrancada ao se aproximar da área é cortado por Linke (02), como falou Galvão: "Já chegou rasgando por baixo o Linke..." E mete a bola para escanteio. Este lance foi antes do primeiro minuto do jogo. O resto do primeiro tempo foi uma enorme tentativa de ambos os lados, só vindo os dois gols do Brasil na segunda etapa, dos pés de Ronaldo Fenômeno, nos garantindo o penta, mas o Brasil já estava dizendo para que veio.

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Obra de arte digna dos grandes gênios

 

Na final da copa de 2002, amigo leitor, aos dois minutos do primeiro tempo, temos um lateral a favor da nossa seleção. Quem é o responsável pela cobrança é o experiente capitão Cafu ( camisa 2). O Capitão do penta merece uma crônica à parte, ele é bi campeão do mundo e só descobri isso agora! Ganhou em 1994 no treta e em 2002, como capitão do penta. Jogando até a copa de 2006 na Alemanha. Mas, vou retomar o lance da lateral cobrada por Cafu (fui pesquisar e Ronaldo Fenômeno também estava em 1994, reserva, mas estava).

 

Ele lança a bola em direção de Kleberson ( suponho que seja o camisa 15) mas, a bola não tem força o suficiente e quica no chão. É nessa quicada que acontece a mágica.

 

Não conheço o Kleberson, não lembro dele na seleção ou outro time antes ou depois da copa até o dia de hoje onde estou revendo o jogo no youtube, mas, posso dizer que o cara era dono de uma sagacidade digna dos grandes jogadores. Ele ver a bola quicando e já traça em sua mente a direção dela no ar, coisa que o alemão não faz e se perde em um giro driblado sem bola que o Kleberson da em cima dele, que atordoado, só lhe resta o chão. O alemão comeu grama. Acho que foi aqui que eles começaram a traça a vingança dele que culminaria em 2014. Ninguém faz um alemão comer grama. Mas, Kleberson fez.

 

De resto, o gol não veio. Kleberson conclui a jogada com um chute em cruzamento na direção ao gol que poderia cair nos pés de Gaúcho que estava na área, porém khan consegue defender, mas a arte já estava feita e assinada.

 

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Boca falou...

 

"Nós jogamos bola. Vocês jogam uma coisa parecida com futebol, nós jogamos futebol." Essa frase foi pronunciada por Galvão Bueno em 2002 na final da copa! E bem que não podia ter sido dita. Ele podia ter pensado e ter ficado com esse comentário só para ele. Mas não, ele abriu as guelas e meteu esse pérola que teve um custo muito caro 12 anos depois.

 

12 anos ou o tempo necessário para ocorrem 3 copas do mundo: 2006 na própria Alemanha, 2010 na África do Sul e 2014, onde a copa teve como casa o nosso país.

 

Daquele elenco de 2002 acredito que nenhum chegou a 2014, pelo menos como jogador. Alemanha era um time maduro, pelo menos pela cara dos jogadores eram já velhos... Correção, Klose estava lá em 2014 no auge dos seus 35 anos, tinha 23 anos em 2002. E naquela semifinal fez 1 gol aos 23 minutos.

 

No período de 2002 a 2014 o futebol alemão cresceu, aprendeu a jogar com técnica, estratégia, se profissionalizo e o maior segredo, inveustiu em novos talentos trazendo renovação.  Apresentou tudo isso em 2014.

 

A Alemanha de 2014 não era a mesma de 2002. Era uma seleção que sabia jogar futebol e jogar bem. E fez questão de mostrar isso par Galvão Bueno logo em cima da gente, a seleção brasileira na fatídica semifinal, dia do 7x1 no Mineirão. Eu estava lá. Fui testemunha do rolo compressor alemão.

 

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Aos 17 minutos e 54 segundos

 

Aos 17 minutos e 54 segundos do primeiro tempo o Brasil cobra outra lateral. Já acompanhei a lateral cobrada por Cafu pela direita e da arte que Kleberson fez dando o drible e fazendo o alemão comer capim. Agora, Infelizmente não dá para identificar o responsável pela cobrança. Não é Cafu pois da para vê-lo na lateral direita do campo.

 

O cobrador ele tem algumas opções. Logo diante dele e sem marcação está Cafu. Com a força que ele joga a bola facilmente chegaria no Capitão, que como eu disse, estava livre- da- silva. Mas, essa não foi a opção.

 

Colado nele tinha, do lado direto havia outro, que não consigo identificar, mas que estava bem marcado por um alemão, então, fora de cogitacão. Também tinha o Gilberto Silva na frente mas, outro alemão estava na sua cola. No campo de visão dele ainda tem Ronaldo, e Gaúcho, um pouco mais longe, se movimentando.

 

Quando ele decide lançar a bola manda para Rivaldo. E daqui poderia ter nascido o primeiro gol da seleção brasileira ainda no primeiro tempo.

 

Rivaldo toca na bola e sofre uma falta, faz aquela velha valorizada ( quem não não lembra dele caindo ao chão com as mãos no rosto quando na verdade chutaram a canela dele?), mas o juiz dá vantagem. Rivaldo caiu, mais caiu chutando e quem pega a bola? Ele, o Kleberson, o cara joga na direita e na esquerda. Até agora o nome do jogo.

 

Kleberson pega a bola e dá um passe para o Fenômeno que faz um corta luz para Gaúcho que já abre na carreira. Rivaldo que já está em pé corre pela esquerda. Ronaldo já se enfiou pelo meio da grande área para receber de volta a bola.

 

Pronto. Aqui o momento decisivo. Futebol é um esporte de raciocínio rapidíssimo. Ronaldo podia tocar rápido para Rivaldo invertendo a bola para a esquerda, quebrando expectativa de Khan e com possibilidade de gol, já que Rivaldo estava sozinho na área. Ou podia chutar a gol. Optou pela segunda opção.

 

O goleiro alemão corre um pouco em direção à bola no momento em que Ronaldo esta frente a frente com ele. Podia ter metido no meio das pernas dele, já que ele estava de braços e pernas abertos, é um convite para um gol de frango. Ele chuta e a bola sai pela esquerda ( de Ronaldo e a direita de Kahn, depende do referencial) do gol alemão, longe de balançar a rede... Mas é isso. Futebol é feita de escolhas rápidas, como já falei.

 

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Nenhum gol

 

Nenhum gol pela seleção em 2002. Foi esse o saldo na conta de Lúcio, o futuro capitão da seleção com a aposentadoria de Cafu. Se não me engano, ele jogou até na copa da África do Sul em 2010.

 

Lúcio, em sua trajetória pela seleção, de 2002 a 2011, em 105 jogos, fez 4 gols. E nenhum em 2002. Mas foi por pouco. Quase que ele fazia um e justamente na final contra a Alemanha.

 

O lance foi quase que exclusivamente dele. Em uma bola área vinha lá do lado alemão, Lúcio e Roberto Carlos fazem uma troca de passes rápida e o zagueiro abre na carreira. De cara, já deixa um alemão no chão, o que dá mais combustível para ele correr.

 

Com o domínio da bola e em alta velocidade, passa por entre outros dois jogadores alemães e da o toque para o Fenômeno. Que ajeita, gira, prepara, ver Lúcio livre lá na frente praticamente implorando pela bola e, quando chuta, tem um alemão caindo na sua frente cortando a bola. Por pouco Lúcio abriu o placar e tirava a barriga, ou os pés da miséria, uma copa sem nenhum gol pela seleção. Mas, defendendo ele, um zagueiro fazer gol não é coisa fácil não.

 

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Roque Jr

Vi o Roque Jr comentando um jogo acho que do Brasil e Sérvia , e perguntaram a ele a previsão do jogo com a experiência que ele tinha de penta campeão. Eu já não me lembrava mais dele em 2002. Mas ele estava lá. Até tomou um amarelo na final. Em um lance que tinha metade dos jogadores em cima da bola, ele também entrou para disputar. Não achando nada, resolveu da um empurrão ( ou um pontapé) em alguem só para não perder a viagem. Amarelo!!!

 

Desde que eu assito jogo do Brasil eu sempre ouvi Galvão gritando o nome e Roque Jr: "E corta... E da um chutão... E mete para fora..." A sua função era zagueiro. O defensor da nossa área. Uma posição que não te eleva aos patamares dos grandes por fazer gols, mas sim, por evitá-los. E nessa posição ele foi um dos grandes do futebol mundial.

 

Vamos à final da copa do mundo Fifa de 2002. Estamos exatamente no minuto 26:04 do primeiro tempo. Roberto Carlos acabou de chutar ao gol sem sucesso, é final de copa, todos querem entrar para a história balançando a rede. No corte, a bola acabou de caindo nos pés Roque Jr que mesmo marcado se livrar e corre. Só que ele está agora do lado do campo de não tem tanta afinidade, o lado do adversário. Mas a bola é dele. Tenta correr mas não vai longe, tem outro alemão a sua frente. " O QUE EU FAÇO?" " VOU TOCAR, VOU TOCAR". Rivaldo aparece pela direita. E ele toca. Mas, toca com a sutileza de um zagueiro ao tirando a ameaça da sua zona de proteção. Nem se Rivaldo voasse pegaria aquela bola. Valeu a tentativa.

 

Para não dizer que Roque Jr não rez gol, tem 2 assinaturas dele pela seleção. Talvez tenha feito mais, so que achei esses dois.

 

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Rivaldo

 

Quando falo de Rivaldo me lembro logo do seu rosto. Vocês não acham que tem um tom de triste nas suas expressões? Uma cara seca, sem muito recheio de músculos nas bochechas que dão aquele ar de que a pessoa está bem. Não tem como a vovó dizer: "Nossa que bochechas rosadas, ou moreninhas, como está bem o meu netinho."

 

Vi uma reportagem de quando ele ainda era um iniciante, salvo uns 5 quilos a mais, nada mudou muito na aparência dele. É aquele menino com canelite que anda de pernas abertas dando aquela velha dúvida em quem o ver de de longe se foi pum ou se cagou mesmo.

 

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Ainda sobre Rivaldo, na final da copa de 2002 ele foi titular. Jogou normal. Afinal, estou no minuto 34 e nada de gol. E, como ja sabemos, os gols vieram apenas no segundo tempo e bem no finalzinho.

 

No minuto 34, já que não vem gol, Rivaldo quis fazer uma graça. Estão pensando que é só Ronaldinho Gaúcho que entende dos paranauês?

 

A bola sai em lateral, Cafu bate ligeiro, não sem antes ver qual a melhor opção. Analisa e percebe que Rivaldo esta perto dele. A jogada idealizada por Cafu seria: "eu lanço para Rivaldo e já recebo de volta e faço um cruzamento para o área. Quem está esperando lá sem marcação é, eu acho, Ronaldo 09. Na cara do gol ele abre o placar." Sabe de uma coisa? Esqueceu de combinar com Rivaldo.

 

De posse da bola, Rivaldo pensa, "já são 34 minutos, ainda tem o segundo tempo todinho, vou é fazer meu nome aqui." Meteu 5 embaixadinha na cara de Cafu que pedia a bola para fazer o lance que havia pensado. Mas, Rivaldo queria era se divertir um pouco.

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Eu já falei que nunca havia ouvido falar de Kleberson, o número 15 da seleção de 2002, do técnico Felipão. Tenho outra suspeita, acho que ele ainda não ouviu falar de mim, mas é o seguinte, assistindo ao jogo final da copa do penta, o primeiro tempo foi no camisa 15, com toda certeza.

 

Anteriormente já me debrucei sobre algumas jogadas dele no início do jogo, aliás, quase que ele abre o placar antes do primeiro minuto do jogo.

 

E não só quase abriu no começo da partida como quase abre nos minutos finais por duas vezes. Vejamos os lances.

 

Aos 41 minutos, o goleiro Marcos lança a bola com um chutão no lado adversário. Acho que quem divide a bolota com o alemão 05 é Rivaldo 10. O brasileiro chuta para frente, outro recebe e dá a sobra pra Gaúcho que, de prima, enfia parao capitão que lança para o homem do primeiro tempo: Kleberson! Ele recebe e sai correndo sobre dura marcação de dois alemães. Kleberson avança e, de frente com khan, ele chuta de perna esquerda à direita do gol, quase que entrava. Oliver Khan acompanha acompanha bola saindo com os braços abertos próximo ao chão parecendo uma galinha protegendo seus pintinhos.

 

 

George Itaporanga
Enviado por George Itaporanga em 28/11/2022
Reeditado em 20/12/2022
Código do texto: T7659896
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