02-UM PÉ NA HISTÓRIA: A PROCLAMAÇÃO DA REPÚBLICA parte 2

A história é composta de pequenos eventos que vao acontecendo de forma espontânea e casual, nem sempre premeditados e qua do menos se espera temos uma guerra, uma queda de Império, um cisma na igreja. Só que, quando eu frequentava os bancos escolares, muitas das vezes a história era contada como se fosse uma fotografia, quando na verdade é um filme de longa metragem com parte 1, 2, 3 e quantas forem necessárias para o desenrolar de todo o enredo.

 

No último dia 15 comemorou-se a proclamação da nossa República. E, a sensação que tive que muitas pessoas com quem converso, seja aluno em sala de aula, seja um amigo curioso sobre o assunto é que Marechal Deodoro, do nada, resolveu da o seu "grito do Ipiranga " também. Novamente, eu insisto na comparação foto versus filme.

 

Para que a República fosse instaurada ocorreram inúmeros eventos que vão do passado distante até o dia da proclamação. Pasmem, teve influência ainda da donperiodo colonial.

 

Ao receber a incumbência de escrever sobre os dois últimos anos que antecederam a queda do Império, Oliveira Viana, escritor do livro Ocaso do Império ( leitura pesada e lenta), ele diz que seria impossível analisar a queda do regime imperial analisando um curto espaço de tempo. E da as suas justificativas: "Realmente, nenhuma das grandes forças, que determinaram a queda do Império, se havia gerado dentro do período de 1887–1889; todas tinham as suas manifestações iniciais fora daquele limitado espaço histórico: o abolicionismo, o republicanismo, o federalismo, o militarismo." Movimentos que datam da época colonial, como ja disse. A história é dinâmica.

 

Oliveira Viana datou em 1870 ou algum ano próximo a este como estopim para a queda do Regime imperial. E ele elenca dois fatores importantes que fervilhavam o caldeirão da futura Republica: a queda do Gabinete de Zacarias e a insatisfação dos militares. Vou falar deste último.

 

Já sabemos que a proclamação da República, na verdade, foi um golpe militar. Dialogando com Laurentino Gomes, autor do Livro 1889, a proclamação foi feita sem a participação popular, por um Marechal moribundo que aparentemente poderia morrer a qualquer instante. E por quê pelos militares? Eles andavam descontentes por diversos motivos, questão salarial, falta de reestruturação da carreira, pouco reconhecimento por parte do Imperador da sua importância. Estavam insatisfeitos. E, militares descontentes é um perigo. E , a favor dos milicos estavam a campanha vitoriosa na guerra do Paraguai.

 

Sabedores desses problemas, Oliveira Viana diz que todas as correntes políticas queriam andar debaixo do guarda chuva dos homens de fardas. Mas, foram os Republicanos aqueles que conseguiram ter o seu apoio para juntos forjarem a República.

 

Para não dizer que foi um movimento totalmente pacífico, teve uma troca de tiros. Uma só. Quando o Ministro da Marinha, o barão de Ladário, estava chegando para se reunir com os demais ministros para tratar do "golpe", o tenente Adolfo Pena o deu voz de prisão. Aqui, parece que a história se repete em um dejavu cômico e irônico com toques de quase tragédia. Reagindo a prisão, o ministro mete bala no tenente que revida. No primeiro round nenhum tiro acertou seus alvo. Já no segundo, o ministro levou 4 tiros, saiu vivo e já fora de risco, aderiu aos revoltosos.

 

Viva à República.

 

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George Itaporanga
Enviado por George Itaporanga em 20/11/2022
Reeditado em 10/12/2022
Código do texto: T7654076
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