78- CRONICANDO: Obtuário de Novembro

E o Brasil chora a morte da cantora Gal Costa. Bem, não o Brasil todo. Fiz uma enquete rápida e quase ninguém na casa de minha mãe a conhecia. Mas, outros milhões a admiravam e isso é o que importa para ela ou pelo menos importava pois, eram os que compravam seus ingressos de show e consumiam suas músicas.

Eu pouco a ouvi. Até antes de escrever este texto eu facilmente a confundiria com Maria Betânia. Acho que era o cabelo, talvez. Se me perguntarem uma música, eu não saberei. Sem consulta alguma, neste momento eu penso em "pedaços de mim", não sei se é ela quem canta ou Betânia ou outra de cabelo desgrenhado. Uma bela música e que voz.

Acabei de ir ao YouTube e confirmei. Dentre as dezenas de versões da música Pedacos de mim, uma delas é cantada por Gal Costa mesmo. Que voz. Que interpretação. Que música.

Quem também morreu foi o apresentador, ator e cantor Rolando Boldrin. Lembro dele na TV Cultura entrevistando alguns artistas como Ariano Suassuna, Biliu de Campina, e aquele ator e cantor da música " sou caipira, pira, porá, nossa..." Essas são entrevistas que lembro de cabeça.

Rolando sabia declamar que era uma coisa extraordinária. Contava causas e parecia que até as histórias ganhavam vida em sua boca.

Infelizmente a sua morte não está sendo tão comentada quanto a de Gal. Não que Gal não merecesse o destaque que lhe estão dando. Mas, fez sombra sobre Boldrin. Algo normal, Gal aparentemente tinha mais fãs.

Algo parecido aconteceu com o poeta Mário Quintana. Morreu na mesma semana de Ayrton Sena. Por Sena o Brasil chora até hoje. Por Quintana, uma nota de roda pé foi suficiente.

Pior que isso só Chico Chavier que morreu no dia em que o Brasil ganhou o pentacampeonato. Acho que por isso tem gente que nem sabe ainda que ele morreu.

George Itaporanga
Enviado por George Itaporanga em 10/11/2022
Reeditado em 25/11/2022
Código do texto: T7646731
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