O Agricultor Urbano e Seus Representantes
Naquele mês de outubro o Agricultor urbano saiu para votar, precisava eleger os seus representantes.
Para os solos brejosos elegeu jabuticabeiras, ingás, guapuruvus e paineiras;
para os solos pobres, arenosos e secos, elegeu ipês de vários partidos: O partido branco, o partido rosa, o partido roxo e o partido amarelo;
para as abelhas e os amantes das flores, elegeu girassóis, jacarandás, sibipirunas, quaresmeiras, resedás e manacás;
para aqueles que trabalham nas ruas sob o sol, elegeu árvores com largas sombras: Figueiras, amendoeiras, jamelões e jambeiros — os garis agradecem;
para os meninos que saem das escolas em grandes grupos, e os transeuntes de um modo geral, elegeu as mangueiras, tão acostumadas a receberem pauladas e pedradas pelos caminhos por onde trafegam os humanos — misericórdia Senhor;
para as praças com grandes espaços, elegeu árvores de grande porte: Jatobás, jequitibás, cedros e sumaumas;
Com o passar do anos o Agricultor foi acompanhado cada passo de seus representantes, ficando muito contente com a atuação de cada um deles, a vida estava ficando melhor para todos: Havia mais água pura nas fontes; mais oxigênio no ar; mais frutos nos pés; mais passarinhos no céu; temperaturas mais amenas; os rios estavam mais cheios e as enchentes agora somente eram vistas em artigos de antigos jornais; a cidade estava, enfim, mais verde, mais bonita e agradável para se viver...
"Nada como um voto consciente", pensou o Agricultor, observando ao longe, do alto de uma colina, seus legítimos representantes transformando a energia solar na energia química que alimenta uma imensidão de vida sobre a terra — uma magnífica usina nuclear sem nenhum resíduo atômico —, vida em abundância, num verdadeiro espetáculo de luz, fotossíntese e amor incondicional.
Volta Redonda, 08 de Novembro de 2022.