Bamba Não é a Corda
Bamba é a corda, e abaixo dela o poço que tanto conheço, o poço do qual desejo sair. Equilibro-me como posso na corda bamba acima do poço, tremendo de medo e insegurança. Se parar de andar, volto para o poço, se perder o equilíbrio, volto para o poço também. A corda onde piso é a linha de minha própria vida, e a vara que sustenta o meu equilíbrio é do tamanho de minha fé em Deus. Se largo a vara, perco o equilíbrio e mergulho novamente no poço.
Muitas vezes largo mesmo a vara, ora por cansaço, ora por achar através de um sentimento de derrota, que o meu destino é mesmo viver no poço. Mas quando caio de volta no poço, não me sinto confortável lá, então, depois de algum tempo pego novamente a vara e volto para a corda que paira acima dele. Tem sido assim toda a minha vida, desde o princípio até o presente momento, ora estou na corda, ora estou no poço. Quando na corda, o medo de prosseguir me leva para o poço, quando no poço, o sentimento e a dor da derrota me levam para a corda.
Sou, afinal de contas, o homem do poço, ou o homem da corda? No poço não preciso de nenhum esforço para ser um ser humano melhor, somente preciso, estando lá, mergulhar em minha própria mediocridade. Na corda é diferente, pois a corda exige de mim equilíbrio de caráter, e o medíocre que ainda habita em mim não cultiva em si mesmo de forma permanente este equilíbrio.
Quero a vara, quero o equilíbrio, quero prosseguir na corda, mesmo que bamba, pois bamba não é a corda, bamba não é a vida, bamba é tão somente a persona que ainda habita em mim, persona obtusa que não acorda, e que desta forma continua a caminhar pela bamba corda de sua própria vida.
Volta Redonda, 09 de Julho de 2018.