A Última Partida de Dominó

A fila dos bebês era longa, muito longa, olhando para trás via-se aquela infinidade de crianças vindas de algum ponto muito distante, mal comparando, algo assim como uma dessas esteiras rolantes dos modernos aeroportos, por onde a criançada ia seguindo adiante, e conforme seguiam, muitas delas acenavam...

Aquela grande esteira rolante movimentava-se lentamente, conduzindo aqueles meninos todos para um ponto luminoso lá na frente. A grande maioria deles seguia bastante feliz, não entendiam absolutamente nada do que estava acontecendo, simplesmente deixavam-se conduzir, sem a mínima preocupação com nada, onde já se viu bebê ficar preocupado com alguma coisa...

Mas como em toda regra existe uma exceção, existia ali naquela fila um menino que não estava se sentindo muito à vontade, ele não conseguia vivenciar tudo aquilo como os demais, estava preocupado com alguma coisa. Era o bebê Duzentos e Quarenta e Nove.

- Para onde estão me levando, que fila é esta, de onde eu vim, quem é o responsável, estou com fome, estou com sede, estou cansado, alguém ai pode me esclarecer o que está acontecendo, e para quem afinal de contas estes outros bebês acenam tanto?

Os bebês que estavam perto dele riram bastante daquela situação, e perceberam logo que o Duzentos e Quarenta e Nove era bastante mal humorado, e gostava mesmo de fazer birra, gritando, rolando na esteira, chorando, pisando duro, fazendo biquinho...

- Não tenho a menor ideia de onde vim e não sei também para onde vou, mas para mim está tudo bem, não controlo nada, então vou seguindo adiante, não tenho medo nenhum, e confesso para você, Duzentos e Quarenta e Nove, que estou gostando muito deste passeio aqui por esta esteira. Falou o menino próximo, o Duzentos e Oito.

- Larga desta birra Duzentos e Quarenta e Nove, Exclamou o menino Trinta e Três. Por favor, pare de gritar e reclamar, estamos precisando de silêncio aqui, você está parecendo mesmo um tremendo "Mala", um "Mala sem Alça!".

O Duzentos e Quarenta e Nove ficou mais embirrado ainda, onde já se viu ser chamado de "Mala sem Alça", era um grande bobo aquele bebê ali próximo, o Trinta e Três.

Depois de algum tempo aproximaram-se de um lugar muito luminoso, o fim da fila, onde terminava a esteira e havia uma placa escrita "Mundo do Aquém". Perto da placa, um Senhor Simpático ia dizendo para a criança que chegava: "Seja muito bem vindo ao Mundo do Aquém menino". De um modo geral, nesta hora o bebê que encabeçava a fila sorria, e através de um escorregador, descia feliz Mundo do Aquém adentro, era assim com praticamente todos, exceto é claro o Duzentos e Quarenta e Nove...

- Eu não quero ir, eu não quero ir para o Mundo do Aquém, quero voltar, quero ir embora, quero continuar aqui no meu mundinho, quero continuar olhando para o meu umbigo, não quero, não quero e não vou!

- Você precisa ir menino, falou o Senhor Simpático. Chegou a sua hora e a fila anda, vamos lá, a vida é boa de ser vivida, vá lá, chegou a sua vez, está na hora de você nascer e crescer.

Aquele Senhor Simpático e tão amoroso continuou tentando convencer o menino a escorregar Mundo do Aquém adentro, e então, o Duzentos e Oito que vinha ali logo atrás perguntou, contente da vida...

- Posso ir então Senhor Simpático, posso ir, quero escorregar lá para o Mundo do Aquém, posso ir Senhor?

- Vá menino, vá em paz, que Deus o acompanhe...

O Duzentos e Oito, radiante de felicidade, escorregou Mundo do Aquém adentro, olhou ainda para trás e falou ainda mais uma vez: Vamos Duzentos e Quarenta e Nove vamos juntos meu amigo, vamos...

- Não vou, não vou e não vou.

- Meu filho... tornou a falar o Senhor Simpático. É um imperativo da lei, chegado neste ponto, todos precisam ir, não existe caminho de volta, vamos então, é a sua vez.

- O Senhor por acaso é surdo? Já disse que não vou, e ponto final.

- Olhe aqui, se você não for, terei que dar o meu jeito, este é o meu dever, preciso cumprir o regulamento, e você terá que ir de qualquer maneira.

- Já disse que não vou.

E então o Senhor Simpático carinhosamente pegou o Duzentos e Quarenta e Nove no colo e deu um tapinha no seu traseiro, tapinha suficiente para levá-lo Mundo do Aquém adentro, entre resmungos e lágrimas.

- Não quero ir, não quero, não vou, quero voltar, protesto, vou recorrer aos tribunais, não quero....

Segundo os registros, foram estes os últimos pensamentos e palavras do bebê Duzentos e Quarenta e Nove antes de entrar definitivamente no Mundo do Aquém.

Muitos anos e muitas coisas se passaram depois destes fatos: Guerras, rebeliões, greves, crises, encontros e desencontros, água sob as pontes, ondas morrendo sobre as praias, namorados admirando a lua cheia, amantes louvando a noite, crentes buscando o seu Deus, agricultores arando a terra, mães embalando seus filhos, nascimento, vida e morte, a terra girando em torno do sol, a vida, o tempo e tudo mais, naturalmente seguindo o seu curso...

A fila dos anciões era longa, muito longa, olhando para trás via-se aquela infinidade de idosos vindo de algum ponto muito distante, mal comparando, algo assim como uma dessas esteiras rolantes dos modernos aeroportos, por onde os idosos iam seguindo adiante.

Aquela grande esteira rolante movimentava-se lentamente, conduzindo aqueles idosos todos para um ponto luminoso lá na frente. A grande maioria deles seguia bastante feliz, pareciam cansados, provavelmente pelo peso dos anos vividos, mas estavam bem, e deixavam-se conduzir, sem a mínima preocupação com nada, onde já se viu ancião ficar preocupado com alguma coisa.

Mas como em toda regra existe uma exceção, existia ali naquela fila um ancião que não estava se sentindo muito à vontade, ele não conseguia vivenciar tudo aquilo como os demais, estava insatisfeito e preocupado com alguma coisa. Era, obviamente, o ancião Duzentos e Quarenta e Nove.

- Para onde estão me levando, que fila é esta, quero voltar, quero a minha casa, minha cadeira de balanço, quero minha mãe, meus livros, meus netos, quero minha antiga vida de volta lá no Mundo do Aquém, quero voltar, quero voltar...

- Você por aqui também, Duzentos e Quarenta e Nove?

- Trinta e Três, é você? Estou muito triste, você me chamou de Mala, fiquei muito magoado com você.

- Mas meu amigo, falei isto a décadas atrás, eu era um bebê, e até o dia de hoje você ainda não conseguiu esquecer?

Os anciões que estavam perto dele riram bastante daquela situação, e perceberam que já conheciam o Duzentos e Quarenta e Nove de outros carnavais, ou melhor, de outras esteiras. E ali, bem pertinho dele, estava também o Duzentos e Oito, que revendo o conhecido puxou conversa...

- E então Duzentos e Quarenta e Nove, como foi lá no Mundo do Aquém?

- Mais ou menos...

- Como assim mais ou menos meu amigo?

- Não queria ir, você sabe, recebi um tapa daquele Senhor Simpático, e quando dei por mim já estava lá dentro do Mundo do Aquém, e descobri logo que não havia nenhuma forma de voltar. Então, já que não queria mesmo ir, passei todo o meu tempo lá vivendo com uma certa má vontade, meio travado. Imagine um carro andando em uma estrada com o freio de mão puxado, fazendo um grande esforço para seguir adiante, foi assim que vivi por lá...

- Então você não viveu integralmente nada lá meu amigo, nada?

- Como disse, tudo mais ou menos. Tive tudo, nada me faltou, pai, mãe, escola, amigos, trabalho, mulher, pão, filhos, dinheiro, posses... mas sempre faltava alguma coisa, estava sempre pensando, olhando para o passado e preocupado com o futuro, sempre ausente, sempre buscando algo para preencher o meu vazio, sempre mais ou menos. Não queria estar lá, queria ir para outro lugar, queria sair daquela vida, tudo muito enfadonho, queria fugir de lá...

- Mas Duzentos e Quarenta e Nove, você não brincou com os seus amigos, não leu livros, não foi à praia, não dançou, não ouviu músicas, não passeou pelos campos, não tomou banho de chuva, não foi ao cinema, não namorou as moças, não soltou pipas, não chutou nenhum balde, não jogou bola, não comeu fruta no pé, não rezou, não blasfemou, não fez nada meu amigo, nada?

- Fiz tudo isto Duzentos e Oito, porém sempre meio ausente e pensativo, tudo mais ou menos. Como disse, nunca consegui viver integralmente, nunca consegui me entregar à vida de forma plena e consciente, de forma que fiz tudo isto e muito mais, porém, sinto agora que é como não tivesse feito, fiz mal feito, fiz mais ou menos, e ficou agora em mim um enorme vazio, como se eu tivesse passado pela vida e não tivesse vivido.

- Então, agora você está feliz? Saiu finalmente do Mundo do Aquém, saiu enfim do mais ou menos.

- Continuo preocupado companheiro, continuo preocupado... Não sei para onde estou indo, e começo a achar agora que o Mundo do Aquém não era tão ruim assim. A propósito, como foi a sua vida lá Duzentos e Oito?

- Bem, tal como você, eu também não sabia de onde estava vindo, porém, quando cai lá dentro daquele mundo procurei viver cada instante que a vida me oferecia. Fiz tudo o que você fez, porém sempre com muita intensidade, era tão bom estar lá. Aproveitei bastante, namorei muito, - cada moça mais bonita que a outra, - bebi cerveja com os amigos, estudei, casei, viajei, muitas vezes ri bastante, outras vezes chorei também, pois existe também um tempo de chorar.

Conheci pessoas extraordinárias que me ensinaram tanta coisa, cada dia para mim era uma contemplação, quando aparecia problemas, procurava resolvê-los, e se não conseguisse, tocava o barco, sempre com otimismo e bom humor. Gostei de tudo o que havia lá, foi um experiencia extraordinária. Li livros maravilhosos meu amigo, ouvi tantas canções bonitas, aprendi tanto, e quanto mais eu vivia, mais feliz me sentia, amei bastante, e fui muito amado também, de forma que fiz lá no Mundo do Aquém tudo o que me foi possível fazer.

- E você não está triste agora por ter sido retirado do Mundo do Aquém também?

- Porque estaria? Vivi lá o que tinha para viver, e agora sigo adiante, não sei o que vem pela frente, mas te digo mais uma vez: Foi absolutamente maravilhoso ter estado lá, uma benção, e a muito tempo meu amigo, a muito tempo mesmo, descobri que eu não controlo mesmo os cordéis da vida, e se agora vier o nada, não faz mal, pois já vivi integralmente o tudo.

A angústia tomou conta do Duzentos e Quarenta e Nove, se ele pudesse voltar faria tudo diferente, olhando ao seu redor via seus companheiros tão felizes, contando de suas experiências vividas, e ele ali, com aquele sentimento de que havia perdido o trem da vida.

Depois de algum tempo aproximaram-se de um lugar muito luminoso, o fim da fila, onde terminava a esteira e havia uma placa escrita "Mundo do Além". Perto da placa estava novamente o Senhor Simpático, era aquele o seu dia de plantão, e então, carinhosamente ia dizendo para o idoso que chegava: "Feliz retorno par você amigo, seja muito bem vindo ao Mundo do Além". De um modo geral, nesta hora o ancião que encabeçava a fila sorria, e através de um escorregador, descia contente Mundo do Além adentro, era assim com praticamente todos, exceto é claro o Duzentos e Quarenta e Nove...

- Não vou para o Mundo do Além, não vou e não vou, quero voltar para o Mundo do Aquém, quero voltar e assistir televisão e conversar com os meus netos, quero viver tudo de novo, e desta vez serei muito feliz, não vou, no Mundo do Além não entro nem morto.

- Você por aqui Duzentos e Quarenta e Nove... Falou carinhosamente o Senhor Simpático. Seja bem vindo meu filho, espero que tenha gostado do passeio lá pelo Mundo do Aquém. Você precisará entrar meu filho, não tem mais volta, a vida é sempre para frente, está na sua hora de retornar, e convenhamos, não fica nada bem eu dar tapinha no traseiro de idosos, isto é para as crianças, portanto, largue de lamentar, entre, siga adiante e confie, de um jeito ou de outro tudo se ajeita.

- Ah Senhor, que pena, esqueci de viver, fiquei o tempo todo olhando o meu próprio umbigo, e a vida passou tão rápida, foi tudo muito breve. Ah se eu pudesse voltar, Ah se eu pudesse...

- Se você voltasse Duzentos e Quarenta e Nove, somente por um minuto, o que você gostaria de fazer meu filho?

- Gostaria tanto Senhor de jogar mais uma partida de dominó com meus amigos, e também de ouvir aquela música do John, aquela... Imagine. Que bonita aquela canção Senhor, que bonita...

- Senhor Simpático, falou o Trinta e Três. Não seria possível, por um tempinho, deixar a esteira rolar, e nós aqui, juntamente com o Duzentos e Quarenta e Nove jogarmos uma última partida de dominó?

O Senhor Simpático consultou o regulamento e viu que não havia nenhuma objeção em relação ao pedido. Os velhinhos então improvisaram ali do lado da esteira uma mesa, - jeitinho de brasileiro, - arrumaram uma toalha e passaram aquela tarde jogando dominó com o amigo, falando sobre as coisas da vida...

- Desculpe-me Duzentos e Quarenta e Nove, por tê-lo chamado de Mala...

- Larga disso Trinta e Três, está tudo bem meu amigo.

- Sabe Duzentos e Quarenta e Nove, Falou o Sessenta. Casei-me com uma moça muito bonita, ela era linda de morrer, sempre fui apaixonado por ela, do primeiro ao último dia, foi mesmo uma benção.

- Bobo fui eu Sessenta. Era apaixonado por uma moça muito bonita também, muito clara, sorridente e tão radiante como o sol. Porém, não tive coragem de confessar o meu amor por ela, como fui tolo amigo, como fui tolo... O tempo passou, e ela naturalmente casou-se e mudou-se, e eu nem fui convidado para as bodas, então casei com uma outra, e foi mesmo um casamento mais ou menos, do primeiro ao último dia.

- Olhe amigo Duzentos e Quarenta e Nove, falou o Duzentos e Sete. Fui um tolo também. Sempre achava que tinha as respostas para todas as perguntas, sempre quis brilhar mais do que os outros, fui um homem muito orgulhoso, e este sentimento somente me trouxe solidão e desolamento.

- Esquece isto Duzentos e Sete, falou o Cinquenta. Ninguém é mesmo perfeito, tenho também inúmeras dificuldades, no fundo, acho que tudo aquilo que vivemos lá no Mundo do Aquém não passou mesmo de uma grande escola, a escola da vida.

- Duzentos e Quarenta e Nove, falou o Vinte e Dois... Tive muito dinheiro meu amigo. Gostava tanto de carros, então comprei um sem número deles, e confesso para você agora, que nenhum daqueles automóveis me trouxe felicidade.

- Bom ouvir isto Vinte e Dois. Tive somente um fusquinha anos sessenta, e sempre achava que as pessoas que possuíam carros e dinheiro eram mais felizes do que eu. Ledo engano meu amigo Vinte e Dois, ledo engano...

A tarde avançava, e os velhinhos ali naquela mesa improvisada continuavam jogando dominó, sem nenhuma preocupação, como se estivem mesmo soltando pipas nos dias ventosos de outono.

- Duzentos e quarenta e nove, vou confessar uma coisa para você: Eu fui um grande mulherengo, apesar de casado, tive vários casos extra conjugais, e de bandeira despregada, falo para você agora que aquele sem número de mulheres, todas elas muito bonitas, jamais preencheram o vazio que eu sentia dentro do meu coração, falou o Vinte e Um em um dos cantos da mesa.

- Bom ouvir isto Vinte e Um, bom ouvir. Sempre achei que minha infelicidade era justamente por não ter tido tantos e tantos casos como você, ou mesmo por não ter encontrado a mulher ideal para preencher o meu infinito sentimento de mais ou menos. É mesmo muita doideira amigo Vinte e Um, muita doideira mesmo. Ocorre-me agora que a tal da felicidade que sempre busquei independe mesmo de possuir ou não aquilo que tanto almejava.

- Duzentos e Quarenta e Nove, escuta uma coisa... Falou o Duzentos e Nove. Fiz inúmeras viagens, dei muitas voltas em torno da terra, conheci inúmeros lugares, fui mesmo até as Cordilheiras do Himalaia, e estas viagens todas também não preencheram o vazio de minha existência, de certa forma, foi para mim mais ou menos também.

- Eu tinha a ilusão Duzentos e Nove, de que teria sido mesmo muito feliz se pudesse ter viajado mais. Obrigado por me falar isto meu amigo, obrigado mesmo...

Finda a tarde, a partida e a conversa, resolveram então entrarem todos juntos no Mundo do Além, o regulamento do Senhor Simpático permitia, então todos eles riram bastante de tudo aquilo, abraçaram-se e foram em frente. Vamos Duzentos e Quarenta e Nove, vamos amigo, vamos adiante, não tenha medo, estamos contigo no mesmo barco, falaram todos.

Naquele derradeiro instante, O Duzentos e Quarenta e Nove olhou ainda para o lado e avistou uma longa esteira cheia de crianças rosadas em sentido contrário, e percebeu finalmente que os bebês sorriam e acenavam, acenavam pela graça de estarem ali, acenavam para a vida, acenavam para ele e os demais, acenavam para tudo o que existia, e então finalmente entendeu o sentido de tudo aquilo, em uma fração de tempo, como em um filme, toda a sua existência descortinou-se ao seu olhar, ele havia sido um daqueles bebês também, e com a mais sincera alegria do seu coração, sorriu um sorriso feliz, o primeiro de toda a sua existência, sorriu e acenou para a meninada que seguia para o Mundo do Aquém, e foi então escorregador abaixo, como uma criança, acompanhado pelos seus amigos, para o Mundo do Além.

Então, de algum ponto distante, de algum lugar mais além, o Duzentos e Quarenta e Nove começou a ouvir aquela canção do John que ele tanta amava, e sem culpa, raiva ou remorsos, sentindo-se livre como um passarinho que deixa a sua gaiola, sentindo em si uma alegria integral, como se estivesse mesmo voltando para a sua própria casa, uma casa maravilhosa, não uma casa mais ou menos.

Rio de Janeiro, 15 Janeiro de 2018.

Agricultor Urbano
Enviado por Agricultor Urbano em 05/10/2022
Reeditado em 05/10/2022
Código do texto: T7620734
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