Meus sinceros agradecimentos ao Coronavírus
Não é todo dia que fazemos investimentos. Não, não é; principalmente quando o passado do investidor foi marcado pela inadimplência, eufemismo de calote; aliás vivemos a era do diminutivo eufêmico. Portanto, Eu devo dizer que era inadimplentizinho. Sim, praticava safadezinhas e fazia parte dos 65% de brasileirinhos mal pagadores. Caloteirinhos.
Depois de morar em vários lugares, debaixo de muitos meios-tetos, hoje dou-me o luxo de dizer que moro em um pequeno palácio. Óbvio, que é maneira de dizer, pois, entre a minha nova moradia e um palácio, as diferenças são gritantes; contudo, sabeis todos que estou imensamente feliz. E o melhor: não é área invadida; portanto, tenho escritura em meu nome.
A pequena mansão não passa de 40, 11m2, (incrível calculo matemático) divididos em sala americana, dois quartos, cozinha, uma pequena lavanderia e um banheiro, que é uma "tetéia". Digo tetéia, porque é azulejado até a metade.
Para quem defecava e urinava ( cagava e mijava, no popular) em uma latrina / palafita coberta com sapê que ficava sobre um córrego, ter um banheiro com chuveiro quente e vaso cerâmico, é aposento dos deuses. Sento no trono ouvindo Raul Seixas e com a boca murcha arreganhada, esqueço da vida e muito mais, dos problemas. Até penso que o meu nome está limpo nos órgãos de crédito. Deus deve amar pobres, por que somos quase 70% da população mundial. E cada dia aumenta mais. O povo trepa somente para procriar.
Devido o tamanho, o lavabo é do lado de fora do banheiro; o que pouco importa, pois com a Pandemia, aprendi higienizar as mãos com álcool gel 70. Afanava os litros nos estabelecimentos comerciais e levava-os para casa. Era um litro por semana. Vício bom. Por mais Pandemia. Com a diminuição do surto, não sei o que farei para lavar as mãos e a cara. Por falta de pagamento, cortaram o fornecimento de água. Governo FdP. Volta Lula. No tempo dEle, era tudo liberado. Haviam muitos benefícios, agora esse genocida fascista...
Escrevendo um pouco mais sobre o restou da Pandemia, habituei-me usar máscara tapando as fossas nasais e boca,( uso de álcool já disse) e manter distância de, no mínimo 2m de outra pessoa; o que vale para tudo e embora no mesmo quarto, durmo em cama separada de minha mulher. Imagina o alívio não ouvir o ronco do motor um helicóptero ou de um liquidificador! Na Pandemia, Ela, as crianças e os animais domésticos foram para a casa de meus sogros; porém, voltaram.
Mudei-me semana passada para a pequena mansão. Confesso que esses primeiros dias de uso estão sendo magistrais, supimpa; principalmente, o banheiro. Sinto-me um cão recompensado pelo seu dono.
Banheiro azulejado até a metade: Ôô ambiente que limpa as tripas, refrigera a minha mente e traz boas recordações! E se recordar é viver, logo, respiro vida leve e feliz.