O Agricultor e a Serra Desaparecida
O incidente ocorreu em um dia frio do mês de agosto; o Agricultor estava podando os galhos laterais de um imenso pé de jamelão — a poda facilitaria a entrada da luz solar e a biomassa seria utilizada como adubo.
Terminada a poda lá no alto da árvore, sua serra manual caiu; o Agricultor não ficou preocupado, recolheria os galhos no chão e em seguida pegaria a serra de volta. Já no chão, foi pegando galho após galho até finalmente o último, e nada da serra; "que coisa mais estranha, minha serra deveria esta aqui sob a copa da árvore, mas não está", refletiu o Agricultor após fazer uma meticulosa varredura em todo a área do pé de jamelão, e nada da serra.
Verificou então nos galhos podados, a serra poderia ter ficada presa em algum deles, olhou um por um, e nada da serra. A hora avançava e a serra não aparecia, ele precisava ir embora do campo, na vida urbana haviam outros afazeres aguardando por ele, mas como partir abandonando sua ferramenta no campo? Retomou a procura, olhou para o chão uma, duas, três, quatro, cinco mil vezes e nada da serra.
Não havia mais tempo para procurar, seu tempo estava esgotado. No momento de partir o Agricultor estava mais perdido do que sua própria serra, e mais desorientado do que cachorro que cai do caminhão no meio do caminho no dia da mudança; no derradeiro instante ouviu uma voz que vinha do seu interior "Olhe para o alto meu filho!", algo que ele interpretou como o abandono de sua solitária e inútil procura e a busca pela ajuda do Senhor seu Deus.
Antes mesmo de observar o céu de agosto sobre as nuvens brancas, ele descobriu que sua querida serra — presente de um amigo — havia ficado presa em um galho a menos de dois metros do chão. Indescritível foi o seu sentimento de alegria e gratidão pela Graça de reencontrar sua serra e sobretudo, pela infinita amorosidade do Deus do seu coração.