Suicídio Feminino

Estou chocada. Imensamente chocada com a notícia de mais um suicídio. Uma jovem mulher de nossa cidade pôs fim à vida. Conhecida por muitas de nós de Campina grande, mãe de coleguinhas de nossos netos e netas, amiga e colega de escola de nossas filhas. Como diz uma de minhas filhas “pelo amorrrrrr” que é que tá acontecendo com esse “mundo novo” minha gente! Vocês, colegas de “antigamente,” devem estar se sentindo assim como eu: chocada e impressionada, pois “as coisas no nosso tempo” eram muito mais difíceis e a gente aguentava o tranco. Hoje estamos vendo mulheres jovens, lindas, aparentando terem uma vida boa, filhos lindos e de repente uma notícia bombástica dessa. Mais um suicídio de uma mulher/mãe, jovem e linda.

O que estaria levando essas mulheres a cometer um ato dessa magnitude? Um ato tão trágico, tão irreversível e capaz de destruir não só a vida de quem o comete mas também a de todos os seus familiares? Todos ao seu redor. Como seria sua vida familiar com seu marido, com seus filhos? O que leva uma mulher a tirar sua própria vida? São perguntas que não querem e não podem calar.

Depressão. É a primeira palavra que se ouve a respeito desse ato. Depressão. Ela estava com depressão. Será? E ninguém vê? O que fazer a respeito quando se percebe os sintomas dessa maldita doença? Será que os familiares não notam nada?

Já nomearam a depressão como “frescura” e dizem ser coisa de quem não tem o que fazer. Mas sabemos que não é assim. Sabemos que é uma doença muito séria; que é preciso ser tratada e que o tratamento só surte efeito se a própria pessoa se dispuser a se tratar, o que, na maioria das vezes não acontece porque o depressivo não tem forças nem para pedir ajuda. A tristeza se apodera de sua alma de uma maneira tamanha que fica quase impossível se sair dela. Coisa triste meu Deus! O medo, o peso, a angústia de falar sobre o que atormenta o depressivo vai fazendo com que ele se aproxime mais ainda do grande abismo, do inevitável para ele — o suicídio.

Cuidemos dos nossos. Abramos nossos corações. Tentemos colocar para fora todos os nossos sentimentos bons ou ruins. O maior problema da humanidade atualmente é a falta de relacionamento. Um bom tema para futuras reflexões.

Que causas podem levar tantas mulheres e tantos jovens à depressão num mundo que parece ser feito exclusivamente para eles? Curioso. Diferente de outros tempos, onde não se tinha tantas facilidades na criação dos filhos e tanta tecnologia, era difícil se ouvir a notícia de que alguém tinha se suicidado. Era uma notícia horrorosa de se digerir, dizia-se até que o suicida jamais teria o perdão de Deus e ia direto para o inferno. Suicidava-se por desilusão amorosa, ou por um problema mental. Infelizmente, hoje esta é uma notícia que já se tornou corriqueira, mas que continua a nos chocar e preocupar. Por incrível que possa parecer, na hora em que estava escrevendo esse texto, dei uma parada para o almoço e aproveitei para dar uma olhadinha no WhatsApp e o que encontro? A foto de uma moça que acabara de se suicidar por enforcamento. É chocante. É preocupante ou não?

Ao que tudo indica, toda essa parafernália de modernidades se não for bem orientada servirá sim, para a desconstrução do mundo, dos valores familiares, da harmonia entre os casais e entre os filhos. Os relacionamentos humanos estão se restringindo quase que apenas às redes sociais. Ninguém conversa mais. As pessoas estão cada dia mais individualistas. Chega a ser paradoxal os milhões de “amigos” que se têm nas redes sociais, onde se postam fotos e comentários muitas vezes aparentando uma falsa felicidade, quando muitas vezes, não se têm um amigo apenas, em que se possa confiar verdadeiramente suas inquietações, suas frustrações, seus planos e projetos de vida.

Vive-se hoje cada um no seu quarto com sua televisão, seu computador, seu celular quando poderia se estar junto conversando e trocando ideias. E aí, vez ou outra, nos deparamos com tristes notícias de jovens que pulam do mais alto de seus prédios e ninguém se pergunta por quê? Qual o motivo? Será que não sabemos mesmo?

É isso, estamos diante de mais um “novo mal do século,” — as redes sociais — que ao invés de nos aproximar muitas vezes nos afastam ainda mais.

Cuidemos então, pais, mães, avós, irmãos, família. Amemos e dediquemos mais atenção uns aos outros para evitar que a depressão, esta maldita doença que toma conta do mundo moderno, se instale em nossas casas; em nossas famílias.

Por Valéria Xavier

Esse texto se encontra no meu livro "Ensaio sobre a mulher contemporânea." Gratuito para leitura na Amazon. Kindle unlimited

 

 

LéiaXavier
Enviado por LéiaXavier em 25/09/2022
Reeditado em 16/07/2024
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