Meu amigo Zé Mané!

 

 

Hoje... pela manhã, dirigindo o carro em direção ao TCE, lembrei-me que há 09 anos perdi um dos grande amigos conquistados na vida. Na verdade, um irmão cuja nacionalidade, sangue e cor da pele, eram bem diferentes da minha origem... mas, com ampla sintonia e grande afinidade  em pensamentos, ideias e atitudes – o José Manuel Kássimo, ou simplesmente “Zé Mané”, como carinhosamente costumava chamá-lo. Um guinense que me dizia "ser piauiense por adoção", em tom de brincadeira!

 

Conduzido pela emoção do momento, fiz grande esforço para me concentrar no trajeto, tendo em vista que o fluxo de carros em Teresina é “desproporcional” nos momentos de rush, com intermináveis congestionamentos.

 

Meus olhos marejaram e fui às lágrimas, recordando a última conversa que mantivemos, numa situação de trânsito muito semelhante: o engarrafamento era terrível e eu tentando me manter tranquilo, quando o celular tocou. Atendi sem identificar autor da chamada. Era o Zé Mané!

 

Antes de ouvir sua voz, fui presenteado com aquela gargalhada farta, alegre, extreitamente familiar, mesmo depois de tantos anos afastados. “Estava com saudades!”, foram suas primeiras palavras. Depois, desatou a rir gostosamente!

 

A conversa foi tão agradável e divertida, que fiz manobra arriscada, estacionando o carro sobre a calçada, em plena Avenida Frei Serafim, coração de Teresina. Era final de dezembro de 2012, momento de confraternização natalina. E, foi um presente e tanto, que recebi naquele momento.

 

Inevitável o flashback: repleto de momentos marcantes, em que compartilhamos alegrias, aventuras e situações divertidas. Muitas risadas e histórias revividas... 

 

Antes da despedida, Zé Mané se comprometeu visitar-me em Teresina, ano seguinte, trazendo toda família: a mulher (Betânia) e os dois filhos. Seriam uns 15 dias para celebrarmos os bons tempos do Recife!

 

Mas... pouco mais de 03 meses, em 01/04/2013 (data conhecida como "Dia da Mentira), para surpresa total de minha parte, dos familiares e amigos mais próximos, considerando que era um atleta contumaz (andava 70 km de bicicleta, jogava futebol, praticava natação e me tornara rato de academia), fui submetido à cirurgia cardíaca severa, implantando 03 pontes de safena e 02 mamárias.

 

Pior... fiz um pós-operatório complicado, por conta de um refluxo intenso e residual. Viajei algumas vezes a São Paulo, Brasília e Porto Alegre, em busca de uma solução definitiva. Por conta disso, afastei-me dos amigos e das rotinas. A cabeça também não funcionava, como antes. Entrei em parafuso!

 

Transcorrido 06 meses da cirurgia, em 23 de setembro daquele 2013, dia de aniversário da minha esposa... Bateu uma saudade danada do “Zé Mané”. Já era noite e resolvi ligar, cobrando a tão esperada visita, pactuada e registrada em cartório. Ainda com a cabeça desorganizada, precisava compartilhar meu problema de saúde e as angústias advindas do procedimento cirúrgico.

 

Na agenda do celular, não constava mais o número dele. Eu havia trocado de aparelho! No entanto, sabendo o nome da faculdade em que lecionava (localizada na Zona da Mata), entrei no site institucional, para resgatar seu número. Mesmo procedimento realizado ano anterior, quando consegui me contactar com o Zé Mané, depois que saí de Recife.

 

E... infelizmente na home page da IES estava àquela fatídica notícia... “Hoje, faleceu de infarto o professor José Manuel Kássimo”

 

Foi-se um grande amigo, parceiro e irmão; ficaram as lembranças inesquecíveis de momentos maravilhosos, vivenciados na faculdade de economia, nas quadras de futebol, nas noitadas pernambucanas, nas viagens a Natal e João Pessoa... e uma enorme saudade!

 

Antônio NT
Enviado por Antônio NT em 23/09/2022
Reeditado em 25/09/2022
Código do texto: T7612599
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