UMA PORTA AO SE FECHAR
Quando a porta se fechar, levada pelo cansaço promovido pelas labutas que o tempo se fez cumplicidar.
Quando elas se juntam, seja, de aço ou de madeira, e escondem o brilho do sol para o silencio do não mais abrir, é que vemos que uma história começa redesenhar um outro sentimento. Não mais o bucólico, o ativo presencial, mas as lembranças que até as paredes sentirão a falta dos risos dos versos e das canções.
Quando as portas se fecham, uma memória fica para trás, revivendo históricos momentos onde a solidão será a maior das companhias.
As portas, elas tem sentimentos e caladas na sua total mudez, ela ecoa um grito de silencio como se a nós(se pudesse) quisesse dizer: “Só não esqueçam dos bons e imortais momentos que juntos fomos agraciados, e assim, seremos sempre presentes entre vocês e eu, que agora me fecho para um outro ciclo de lembranças. Talvez me derrubem, e me joguem em aterros ou recantos baldios, onde eu não mais possa abrir para dar boas vidas a vida, a poesia e a musica que por tanto tempo escutei sonorizar em satisfações plenas do meu existir”.
- Ao imaginar essa cena (que de fato pode sim ocorrer), olhemos para ela (a porta) como uma despedida saudável e solitária, pois se pudéssemos a levaríamos para que enfeitasse alguma parte da nossa casa, permitindo a ela, um descanso permanente sem que seja morta ou esquecida pelo ato de um ser que com ela não conviveu, e nem nunca dividiu sequer, um segundo de atenção pelo seu existir.
Fecha-te porta, mas abre-te em meu coração uma lacuna de saudade para que eu nunca (mesmo que queira) consiga te esquecer.
De Carlos Silva
Para Vandinho e Elvis Seixas. Amigos e irmãos que a vida me deu.