Máquina
A meia noite elas vem.
as vozes atormentam minha cabeça e me obriga a descrever tudo com tamanha dedicação
Paro um momento, escuto a respiração rápida de um coração que nas altas horas da noite está sonâmbulo com uma caneta e um papel em branco, esperando as ordens que vem de dentro.
Depois de um sonho perturbado por criaturas sem olhos e catacumbas vazias , ela escreve.
Não eu; ela, a mente.
O coração vomita as palavras e ela escreve. Não tenho controle pelo que faço, sou mais uma máquina do que um ser humano de carne.
Vejo sentimentos correndo na alma como sangue correndo para o coração, inundando e batendo rápido, como apaixonados na hora do amor, uma vida se salvando do afogamento que se sucedeu por uma câimbra na perna.
Medo.
Oras! Medo de que?
Que perfurem minha alma e leve meu precioso. Não me importo que rasguem minha carne, nem que levem meus pertences. O meu segredo, meu precioso fica comigo até após a morte. Será levado pelas poeiras das minhas cinzas, mas nunca sairá de mim.
Da minha essência,
do meu ser,
o meu precioso.