NEM TUDO ERAM FLORES, MAS RENDEU
Fiz algumas loucuras no Chevrolet Biscayne, 1958, de meu pai e cuja foto, hoje, publiquei na capa do meu FACE. Mas eu o dirigia, não raro furtivamente, somente na praia. Em verdade, só tive carro próprio quando já era noivo, em 69. Era um Fusca verde 1966, que voava em descidas, com vento a favor. Financiado em 36 prestações. Com ele enfrentava as sextas-feiras, à noitinha, pela estrada velha rumo ao litoral. Não existia ainda a Free Way. Portanto, jamais impressionei qualquer menina pela potência de meu carro ou pelas roupinhas banais que vestia, muito menos por beleza, pois ostentava certo déficit neste quesito. Mas tinha o peito que era “uma laje”, como se dizia. Na vida, ou você tem uma boa autoestima ou tudo se complica. Sem exageros, é claro. Não hesitaria em disputar com Brad Pitt. Hoje, inclusive. Brincadeira à parte, tudo tem a ver com outros tempos. Acho que essa postura produziu bons efeitos. Vejo atualmente mulheres maravilhosas constrangidas pela mídia, no que ela tem de mais perverso em termos de modelos estéticos. Quanto ao homem, um tanto menos, mas estão chegando. Não dá para crer na imposição de valores corrente, sem cogitar de cobranças etárias – e não falo em causa própria, não. É tempo de adolescentes veteranos e de cirurgias plásticas excessivas. Nem vou abordar a moda, meu enxoval para casamento foi quase todo ele comprado na antiga “Subsistência do Exército”. No cabelo, era Gumex ou Glostora, às vezes corte cadete ou escovinha. Não estou me rebelando, longe disto, até acho bacana uma tatuagem, até mesmo um discreto piercing, em certas faixas de idade. Carrões e palacetes ficam mais adequados a Neymar ou Ronaldinho Gaúcho. Enfim, vivia-se bem, tomando samba ou cuba-libre. Os bailes do Hotel Xangri-lá eram notáveis, mas nada mais espetacular do que os grandes bailes da Reitoria da UFRGS. Agora, temos coisas muito boas: nem tudo eram flores antigamente, mas rendeu bastante.