Diário de um Estagiário #02
O ato de fazer um estágio é bastante interessante, afinal, o que se espera é que, aprendeu algo e após, coloca-se em prática em campo. Este é o estágio.
Nossa realidade atual é outra. Muitas escolas de Ensino a Distância, e a pluralização do aprender. Como se nós brasileiros, estivéssemos vivendo um êxodo diferente. O do sair do analfabetismo para uma leitura da vida acadêmica. E para esta transição, o EAD entrou com força total.
Mas até quanto um estudo autônomo prepara um profissional para o que se espera no campo de trabalho?
Tenho 39 anos e agora escrevo de uma sala com outros servidores públicos, aceitei em fevereiro mudar para um regime estatutário e reaprendendo como agir perante a este novo.
E de noite já na segunda semana estou fazendo estágio de Pedagogia, na educação de alfabetização para Adultos. das dezenove as vinte e duas.
Como este texto é um desabafo compartilhado preciso citar meus estudos até aqui e o que espero do meu futuro. Sim, apesar de quase estar em crise dos quarenta anos. Penso que posso trilhar um futuro.
Fiz meus estudos de ensino até os 16 anos sem reprovar em nenhum momento e cheguei até então ao segundo ano do segundo grau. (Hoje parece-me ser ensino médio).
Todavia comecei a trabalhar e abandonei os estudos. Retomei aos vinte e cinco e optei por fazer supletivo.
O supletivo que fiz foi oferecido pela rede estadual. Eram encontros. Após uma prova de aproveitamento, se passasse na prova conseguiria finalizar o ensino médio.
Fiz todo o processo de forma bastante rápida, em 3 meses refiz todo o ensino médio. E finalizei então o ensino médio. Aos vinte e cinco anos.
Aos vinte e cinco anos após receber o meu diploma, me inscrevi para fazer um curso técnico de celulose e papel no Senai. Senti o baque de um ensino puxado. Tipo de dois anos de estudo que seriam feitos em 7 meses de formato de oito horas. Tivemos três meses somente de nivelamento, pois não estávamos aptos para o que viria pela frente.
O curso era subsidiado por uma grande indústria de papel e celulose, com bolsa. Porém uma média 7 não tão fácil de conseguir manter. Foi um sofrimento. E consegui aos 26 anos finalizar esta etapa com êxito.
A outra etapa, coincide com o que se diz no título desta crônica compartilhada. Foi um estágio mata, mata. De quatro estagiários. somente 1 seriam pegos para trabalhar. Fui para o FAFI fabricação de fibras. E não passei, não fui escolhido. Uma frustação para engolir. Enviado para a Expedição. Fui contratado fiquei 2 anos lá.
Após 13 anos numa máquina de Papel como rebobinador.
Na Maquina de papel fiz estes estudos:
Tecnologia em Gestão de Produção industrial na Uninter, um curso de 3 anos de duração. E o valor de uma moto. EAD.
Teologia pela Ebadep e Cetadeb três anos de duração. Este o valor de uma bicicleta cara. E presencial
E a continuidade de estudos se deu assim:
Uma licenciatura em Letras Português e Espanhol pela UAB Universidade Aberta do Brasil, esta se deu de modo gratuito pois é uma universidade estadual . Foram cinco anos estudando. Esta também rolou estágio de professor de Português e professor de Espanhol. Uma correria. E também foi Educação a distancia. Porém com seminários presenciais que o bicho pegava pois tinha que provar o conhecimento através de provas. Difíceis, bastante difíceis.
Passei terminou, e no meio do caminho trabalhava na indústria no chão de fábrica como Rebobinador de uma Máquina de Papel. É fácil resumir que passei num concurso público de fiscal e estou aqui escrevendo.
Porém demorou e muito tudo isto acontecer. E demorou, e baixou o meu salário antes de três mil reais de quinze anos de indústria, para dois e quatrocentos para inicio de carreira.
E hoje cinco meses de vida pública, estou terminando de fazer esta segunda licenciatura em pedagogia. E indo de noite na escola dar aulas com trinta e nove anos. Continuamos escrevinhando para dê estressar. Obrigado por ler. Somos íntimos agora. Depois te conto do meu furunculo.