Meu vovô
A primeira palavra que eu dizia quando acordava era, vovô. Meus pais falavam que a gente sempre morou em uma casa amarela. Não me recordo dela mas de tanto minha irmã falar, se ela ainda existisse eu a reconheceria de primeira vista.
Durante minha infância tive pequenas recordações e meus avós sempre estiveram nelas. Todas as tardes via meu avô sentado em um tronco de árvore, que que desde que eu me entendo por gente, sempre esteve lá. Era ele com sua Bíblia aberta na página de louvores, que de tanto ele cantar aprendi o pequeno refrão que dizia: Alvo mais que a neve. Pedia cafuné todo tempo e olhe lá se eu não obedecesse, também não me importava em passar a tarde toda ouvindo os louvores fora do tom, que seu raimundo cantava.
Raras eram as vezes que dormia mais a minha avó, e sempre que me lembro dela, vem aquele gosto de vitamina de abacate, a que só ela sabe fazer. Ela ia para a escola e de vez em quando me levava junto para lhe servir de companhia, mesmo não sabendo de nada e fazendo muitas perguntas, perguntas sem sentidos, sinto que ela gostava da minha companhia.
No quarto de meu avô tinha uma área que era tão alta que os meninos discutiram para ver qual deles conseguiria subir para descobrir o que o vovô havia escondido lá em cima. Minha avó cheirava a doce e ao mesmo tempo à fumaça, fumaça de um fogão a lenha que escurecia o telhado daquela pequena casa.
Meus avós são as melhores pessoas que eu conheço e escrever momentos com eles, é eterniza-los no papel para gerações futuras.