Das aflições de quem espera
Das aflições de quem espera
A vida não pode ser apenas essa lógica fria.
Esse fanatismo pelo trabalho.
Parece bengala, vício, doença.
Parece uma tentativa de fuga, de calar alguma dor no peito.
As aflições são inerentes à arte inclusive a consciência profunda...
A arte é feita de ensaios metódicos, acasos felizes, equívocos, erros, abusos e fraquezas com verdadeiro espírito de humildade. A arte é dominada pelo entusiasmo, pela confiança, pela animação, pelos arrojos da mocidade...
Quando falhamos, percebemos o quanto somos frágeis e imperfeitos.
Somos destronados do lugar de super-homem e mulher-maravilha.
A vida é feita da aflição de quem planta e espera a época de colher, de coloca tijolo por tijolo e espera a construção completa, de quem cria e espera o crescimento e a maturidade.
A vida pode ser apenas uma estrada em linha reta, sem curvas, sem aventuras, sem delícias.
Quando acertamos então colhemos o brilho, a luz, a alegria que extasia.
De quantas aflições é feita a vida?
De quantos abandonos é feito o amor?
De quantas saudades é feito encontro?
De quantas ansiedade é feito a espera de nascer, de brotar, de iluminar a escuridão poderosa?
A vida não pode ser uma questionário feito apenas de perguntas...