Onde me Sinto Rei

Não é todo dia fazemos investimentos. Não, não é; principalmente quando o passado do investidor foi marcado pelas dificuldades. E depois de morar em vários lugares, debaixo de muitos meios-tetos, hoje dou-me o luxo de dizer que moro em um pequeno palácio. Óbvio, que é maneira de dizer, pois, entre a minha nova moradia e um palácio, as diferenças são gritantes; contudo, sabeis todos que estou imensamente feliz.

A pequena mansão não passa de 30m2, divididos em sala americana, um quarto, cozinha, uma pequena lavanderia e um banheiro, que é uma "tetéia". E por que uma "tetéia"?

Ora, nos barracos em que morei, o banheiro era dentro da touça de bananeira ou em um casebre de pau-a-pique construído sobre um riozinho tímido de águas plácidas correntes. Sem escolher isso ou aquilo, longe de ser discriminador, sumia com tudo que era lançado nele.

No entanto, degustando novos ares no meu novo palácio, tenho um banheiro perfumado digno de gente; o qual é azulejado até certa altura e o restante, de reboco fino. O ambiente é tão moderno e acolhedor, que a latrina é de louça/cerâmica; e o vendedor disse que a peça deve ser chamada vaso sanitário. Chiquérrimo até no nome.

Estando no seu aconchego, circundado por belas e vistosas flores, Eu adubo a imaginação. Viajo no tempo e conto estrelas. Escrevendo, revisito as minhas reminiscências. Por sinal, sentado confortavelmente, enrolando anéis de fumaça, escrevo está crônica.

Adeus touça de bananeiras. Não digo para nunca mais, mas por enquanto, estou bem servido, feliz com meu banheiro azulejado pela metade; que também possui vaso sanitário de louça e ducha quente.