Esse texto não é sobre o Mar
Me perdi, me prendi em uma versão antiga minha que ele costumava venerar. Eu tinha medo de me expressar de uma forma diferente por que achava que ele não ia gostar e por não gostar, acabaria com a gente. De tanto me perder, houve um tempo que eu não sabia à quem eu pertencia, eu não sabia quem era eu e onde eu tinha deixado a minha essência, a minha doce e singela essência. Me perdi, e quanto mais eu me afogava nele mais eu me perdia. Ele era um deserto sem água e ao mesmo tempo era a água que me afogava sempre quando eu tentava me achar. No final eu entendi que não adiantava nadar contra a maré que não era minha, e que mesmo eu me forçando a acreditar que chegaria do outro lado, não conseguiria, não chegaria nem perto por que ele não buscava os mesmos objetivos que os meus. Era diferente, e minha peça não se encaixava na dele. Resolvi que a única solução era cortar as ligações, mesmo sendo forte para mim. Nunca sequer perguntei se era a mesma conexão que ele sentia por mim, mas pela diferença dos raios eu percebi que não era como pensava. Nadei para o outro lado, rompi as ligações e procurei outro mar, procurei um mar que saciar-se a minha sede de ser quem realmente eu era, e o encontrei.