Memórias de uma garotinha
Naquelas redondezas a casa da minha avó se destacava, não por ser com mais tempo mas por ser a mais pequena de todas. Minha mãe me contava que na época de meus avós, eles tinham que se virar para arrumar algo de bom para a família e o único jeito de morar debaixo de um teto era fazendo casas de barro, por conta das condições financeiras que não eram das melhores. As panelas de barro , o fogão era feito com lenha e demorava séculos para acender, sem contar a fumaça que deixava o teto preto. Para nós aquilo era incrível de se ver. (Para mim) aquilo era o charme da cozinha da minha avó. Lembro bem quando os garotos apostavam entre si, para quem conseguiam subir no esconderijo de nosso avô, ele ficava chateado, mas os meninos não perdiam uma. Uns aproveitavam o descanso de meio dia para fuçar as coisas dele, meu irmão subia no pé de azeitonas pelo parapeito que tinha encostado, e eu que não largava do pé dele tentava subir e via que não conseguia, depois de chorar horrores descia do parapeito e ia brincar com Luana debaixo da mesa de nosso avô. Era ventilado por conta de várias vegetações que ficava atrás de uma encanação gigante (dava para andar por cima) de água que tinha por lá. Brincava de tudo, debaixo daquela mesa de ferro. inclusive de comida, com a terra que a gente molhava para fazer nossos bolos. Imagens vagas, de memórias dos garotos brincando de garrafão, dos gritos e risadas, estão salvas na minha cabeça como forma de escapamento da minha vida de agora, (uma viagem do tempo perfeito). Rafaela subia nos canos de água, meu irmão comendo azeitonas, o ranger da rede azul de nosso avô. Tudo isso guardado como lembranças de uma garotinha birrenta de cinco anos de idade.