relógio atrasado
"Todos eles dizem a mesma coisa, 'para nós viver ou morrer tem o mesmo valor. O que vier aceitamos. Não envelheceremos, antes disso morreremos'". Dizia a dona de uma pousada à sua funcionaria, a qual lhe respondeu: "Também, o que fariam se chegassem aos cinquenta anos e nada construíram? E aos sessenta, e nada tiveram porque não quiseram ter? Se culpar, se deprimir e se matar? Penso que dentro de si parecem não têm repouso."
-Ontem mataram um jovem com menos de dezessete anos de idade e ainda há cinco deles para matar. Gostaria de me entristecer de coração inteiro com essa nãovida desventurosa, esse não ser e, chorar.
Já ouvi muitos dizeres como esse: "vocês jovens pensam que nunca vão morrer". E tem como não saberem de uma coisa tão óbvia?
Talvez, eles apenas não sabem como descobrir na vida dos mais velhos a vida que a febre de sua mocidade reclama, a verdade que sua ignorância solicita e lhes ameaça com a humilhação caso a admitam e a liberdade, residente na obediência a um dever, a um objetivo, a um ideal.
Tenho a sensação de que o mal atrasa o relógio ao passo do bem, o qual, perguntando sempre pelo horário traz a percepção de que tanta intensidade não cabe em vinte e quatro horas.
Agora, enquanto tento fazer um bem ao ao escrever faltam vinte minutos para o meio-dia, e meu dia? Começou às seis da manhã. Céus!