MOCOTÓ

Sempre gostei e sempre comi. Nos últimos anos, bem antes de minha aposentadoria, que já tem mais de sete anos, frequentava regularmente o GAMBRINUS, no Mercado Público de Porto Alegre, às quartas-feiras e, eventualmente aos sábados, ao meio-dia, para degustar o melhor mocotó da cidade. Bons tempos. Ocorre que houve um inverno atípico, quente, e a Casa teve prejuízo com a iguaria, passando a não mais servi-lo. Ao menos, foi esta a explicação oficial. Fiquei meio perdido, provando um pouquinho aqui, ali e acolá, mas nunca foi a mesma coisa. Tive a sorte de usufruir das habilidades profissionais de uma vizinha, algumas vezes, mas jamais com regularidade, pois sou militante desta causa culinária. Então, surgiu o REI DO MOCOTÓ, do mesmo naipe do Gambrinus. Com a vantagem da tele entrega, nos meses mais frios, com todos os detalhes que prezo: resta-me, apenas, colocar mais azeitona na panela, pois além do ovo picado, da salsinha, bastante azeitona me agrada. E ainda vem com pão d’água fresquinho (cacetinho). Agora, a pimenta (Tabasco) é sempre por minha conta. Infelizmente, este informe com ares de propaganda não vai me render nem um pouquinho mais de tutano no caldo das Casas citadas, mas também não me responsabilizo pelo sucesso do prato, que, no Gambrinus, nem sei se ainda preparam. Ademais, gosto é gosto e cada um avalia o preço que paga, já que barato nunca é. Para mim, mocotó tem de ter caldo amarelado, feijão branco, dobradinha, tutano, ovo cozido picado, salsinha, chorizo (linguiça) e bastante azeitona verde. Pimenta eu mesmo regulo e queijo ralado não tem nada a ver, até pelo fato de engrossar ainda mais o caldo (o bom mocotó tem de ser relativamente caudaloso, caldo grosso, é claro, para “engraxar os bigodes”). Enfim, Andréa e até Rita Lobo que me desculpem, mas este é um tema em que devo dar pitaco. Não faço nada, mas aprecio demais.