REFLEXÕES DA MEIA-NOITE

- Você não é generoso porque doa roupa velha e objetos sem uso, isto é só um movimento básico de organização doméstica. Dar esmola soa como “mea culpa”.

- Se você não é uma pessoa naturalmente prestativa, como eu infelizmente não sou, precisa encontrar na vida modos de contribuição e de prestação de serviços para compensar a falta de tão bela qualidade.

- Ganhar algum dinheiro não é o desafio maior: poupar, gastar criteriosamente e direcioná-lo a coisas realmente importantes é mais difícil. É por aí que muitos se perdem.

- A política e o futebol funcionam às vezes como válvula de escape de frustrações, levando indivíduos a excessos e a conflitos sociais sem sentido. A emoção ganha qualidade em gestos de afeto no dia a dia.

- Ganhar muito dinheiro é um dom e o estudo nem sempre acarreta grandes resultados práticos, mas a pessoa tosca e inculta tende a virar mala sem alça.

- Quem gosta de viajar bastante a vários países, para o adequado proveito, deve ter noções de mais outras duas ou três línguas, preferentemente. Mas toda regra tem exceções.

- Nós, os homens, e me coloco na vanguarda, sempre iremos apreciar mulheres bonitas e charmosas. Se forem ainda inteligentes, será o apogeu. Discretamente e até o final dos tempos. Eu disse apenas apreciar.

- Sempre penso assim, quanto a mim, aos cachorrinhos e aos demais viventes: enquanto existir apetite, a saúde está evoluindo bem. Surpresas podem ocorrer inevitavelmente. Dores alertam.

- Estou com 75 anos, fiz uma previsão plurianual de orçamento para viver até os 82, sem mudar o compasso. Se viver mais, certas despesas diminuirão naturalmente. A saga do Jorginho Guinle impressiona, mas não assombra. Ele teve quase tudo que não tive menos certa segurança para a velhice, já que viveu até 87 anos aos trancos e barrancos.

- Nada é pior do que a doença ou a guerra. Mas, aqui entre nós, o passionalismo histérico, a burrice e a falta de caráter disputam, também, cabeça com cabeça.