GLAMOUR
É incomum encontrar quem não sonhe ou tenha sonhado com vida glamorosa As pessoas se pretendem ou já se pretenderam belas e interessantes, quiçá inteligentes, cortejadas ou almejadas por cavalheiros e damas da mais alta expressão. Normal, coisas da vida. Muitos sonharam ou sonham com o sucesso, a liberdade plena, também o aconchego, ou o poder, a distinção, a conveniência realizada ao estalar dos dedos. Quem não gosta do conforto e da realização plena ao alcance da mão? Quem gosta de carregar pedras sob o sol escaldante ou chuva torrencial para ganho de uns trocados? Havia todo um discurso religioso, no passado – não tão distante - que ajudava o sujeito a acreditar que Deus dava o frio conforme o cobertor. Não, a inconformidade sempre impulsionou as conquistas. A sociedade humana sempre foi velhaca, consagrando a escravidão, a segregação ou o preconceito racial e religioso e o patriarcado. Evoluímos bastante, não o suficiente. Mas chegamos a um certo ponto em que é possível cobrar seriamente determinadas frustrações e desvios do egoísmo, da ansiedade ou da indiferença. Você quer ser feliz com uma vida boa ao lado de seu príncipe ou princesa, com os filhos amorosos e bem criados? É justo, mas você fez mesmo por merecer este prêmio? Há casos em que a pessoa é como aquele doente que não toma os remédios necessários, come e faz tudo o que não deve. Vai exigir vida longa? Figurativamente, não há glamour numa CTI hospitalar, quando você mesmo foi o responsável direto e exclusivo por isto. Toda formação cultural só tem sentido quando resulta em independência e felicidade individuais, sem praticar o mal e prestando solidariedade. Uns mais efetivos que outros, é normal, as pessoas são diferentes. Independência não é fazer o que bem entende, vivendo desbragadamente o momento. Ser livre é apenas poder ser. Nem rico e nem pobre, nem gordo e nem magro, casado, solteiro ou viúvo. Simplesmente, não ter dependência crucial, cultivar seu jardim, valores e afetos, como quem faz versos ou pinta um quadro. Quando quer e como deseja. O resto é fugaz. E sem muito glamour.