Sorrisos

Ela tinha um sorriso engraçado.

Era algo com estardalhaço.

Quase fazendo escândalos.

Ela sorria pra fora, como quem quer mostrar a alma.

Não tinha compromissos com quem não acredita na alegria.

E eu me identifiquei.

Eu também era assim.

Gostava de rir para o mundo ouvir.

E a gente se deu bem, talvez por essa afinidade.

Éramos dois loucos de pedra.

Ela ria na rua e eu ria de sua risada nua.

Dois doidos de paixão.

Então, num dia desses de doideira, a gente disse sim pra um padre e meia dúzia de gente maluca, num manicômio religioso.

A gente ria porque se amava.

E se amava porque rir faz bem pra vida.

Mas o destino não é um alguém de bom humor.

Com ciúmes, roubou meu amor e o entregou pro céu.

E então eu conheci a tristeza e a sua frieza diante da dor.

Meu amor foi rir, para o nosso Senhor.

E meu destemor é tentar rir sem um sorriso escandaloso pra dividir.

Sandro R C Costa

Sandro Costa
Enviado por Sandro Costa em 09/03/2022
Código do texto: T7469082
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