Sorrisos
Ela tinha um sorriso engraçado.
Era algo com estardalhaço.
Quase fazendo escândalos.
Ela sorria pra fora, como quem quer mostrar a alma.
Não tinha compromissos com quem não acredita na alegria.
E eu me identifiquei.
Eu também era assim.
Gostava de rir para o mundo ouvir.
E a gente se deu bem, talvez por essa afinidade.
Éramos dois loucos de pedra.
Ela ria na rua e eu ria de sua risada nua.
Dois doidos de paixão.
Então, num dia desses de doideira, a gente disse sim pra um padre e meia dúzia de gente maluca, num manicômio religioso.
A gente ria porque se amava.
E se amava porque rir faz bem pra vida.
Mas o destino não é um alguém de bom humor.
Com ciúmes, roubou meu amor e o entregou pro céu.
E então eu conheci a tristeza e a sua frieza diante da dor.
Meu amor foi rir, para o nosso Senhor.
E meu destemor é tentar rir sem um sorriso escandaloso pra dividir.
Sandro R C Costa