Nesse carnaval, coma muito panetone
Coincidência ou não, desde que ela me bloqueou, tenho enchido a cara de panetone. Panetone de manhã. Panetone de tarde. Panetone de noite.
Nós, eu e ela, tínhamos, ou melhor, temos essa coisa em comum: somos doentes por esse tipo de pão macio recheado de frutas secas. Românticos, herdeiros inconsequentes dos Sofrimentos do Jovem Werther, chegamos até a ensaiar os primeiros rabiscos do que seria um manifesto a quatro mãos em prol deles. Dizia assim um trecho:
“Sei que muitos não levarão a sério. Mas na verdade, a nossa intenção aqui é provocar, não importando de que forma, ou com quais meios. Faze-los talvez sair do seu estupor cotidiano de merda, afinal, só as criaturas que nunca escreveram cartas de amor, é que são ridículas.”.
Mas não foi eu que comprei. A Mary, minha cunhada, trouxe eles pra mim. É ela a culpada desse meu porre monumental, dessa minha enfiada de pé na jaca, dessa minha chafurdada no Pão do Toni em pleno feriado de carnaval.
Eu quero é botar..., meu bloco na rua...