Arrombado
Às vezes eu pego a bicicleta e vou pedalando até o sebo do Alex, comprar ou vender livro ou disco de vinil. Gasto aproximadamente uns trinta minutos daqui de casa até lá. A Dureza, como sempre, fica por conta das subidas, principalmente quando está aquele calor de rachar, a pele branquela, sem defesa nenhuma contra radiação solar, resulta quase sempre em queimaduras, quando não, em insolação.
Ele, o Alex, publica no status do WhatsApp as fotos dos livros novos que vão chegando. Da última vez, comprei três livros do Dawkins que havia encomendado, e mais alguns vinis que o demônio, muito astuto, me fez comprar, “leva eles, meu jovem, eu te faço um descontinho”.
Aonde isso vai parar, eu não sei. Digo, gasto o pouco que tenho, e quero ver depois o que será que será. Na fome, devo comer um Dawkins, por acaso? Longe de mim ser alarmante, mas a inflação está aí, nas alturas. Isso sem falar no desemprego, que também só faz crescer. Corro risco de terminar assim: com a cabeça cheia, mas com barriga vazia, se o dinheiro continuar saltando da minha carteira dessa forma. Tem livro aqui que nem li ainda, e tome comprar mais, e tome comprar mais... Não olho mais o status daquele, como diria o Gilson — daquele arrombado.
Só por curiosidade, quanto é que tá saindo essa biografia do Ramones mesmo?