Por Panetones o ano inteiro!
Parece que foi Gregório, o Papa (não o Duvivier), que em 1582 criou esse nosso calendário atual. Desde então todo ano dá nisso: deu dezembro, lá por volta do dia 31, as pessoas estouram fogos de artifícios, enchem a cara de cachaça, se abraçam (quer seja quem elas vão com a cara ou não), o ano acaba e começa um ano novo. Inclusive, acabou de acontecer tudo isso a duas semanas: acredite você ou não, já estamos em 2022. Ou seja, adeus panetones daqui uns dias.
O panetone acaba, o vírus, parece, que nem tão cedo.
Confesso: sou um viciado em panetone. E a Monique, que conheci ontem no Par Perfeito, assim como eu, também adora eles. Ela também está sempre se perguntado o motivo de não os colocarem a venda nos supermercados durante todo o ano. Como sabemos, infelizmente esses maravilhosos pedaços de pão macio com Uvas Passas e frutinhas cristalizadas coloridas, somente aparecem nas prateleiras já lá para a metade do ano.
Na fábrica da Bauducco até tem para se comprar, e gente como a gente, sedentos por essas delicias, vivem prometendo dar uma passadinha, comprar um bocado deles, estocar em casa, mas, com a correria da vida, juntando com a preguiça nos dias de folga, nunca cumprirmos a promessa, mesmo que, irritados, abstêmios da invenção dos benditos italianos. Como diz um personagem do filme Cidade de Deus: “esse que é o mal. Os caras viciam a gente, depois fica tudo entocado com a porra do pó.”.
Por isso tudo, eu e Monique resolvemos escrever um manifesto. Ainda não está decidido se será numa verve á lá Roberto Piva ou Hakim Bey. algo como: “a nossa batalha foi iniciada por Nero...”, ou, “estranhas danças nos saguões 24 horas...”. Mas algumas coisas já combinamos: haverá um piquenique em público, com alguns cartazes e panfletos. Tudo regrado a muita conversa, risadas, e quem sabe, por sorte, também consigamos alguns míseros panetones.
Ela, a Monique, faz seus rabiscos também, é poeta marginal, dessas que vomitam seus poemas em praças públicas sem medo nem vergonha de se mostrar, de dar a cara a tapa. Por tanto, reivindicar publicamente panetones para o ano todo, não será um constrangimento.
Sei que muitos não levarão a sério. Mas na verdade, a nossa intenção é provocar, não importando de que forma ou com quais meios. Faze-los talvez sair do seu estupor cotidiano de merda, afinal, "só as criaturas que nunca escreveram cartas de amor, é que são ridículas”.