SOU ASSIM DESSE JEITIN - Linguagem matuta.

"Linguisticamente falando, não existem erros de gramaticalização, havendo através de uma narrativa, entendimento da conversação exposta"

O matuto não conhece nem o que quer dizer por exemplo, ter um português escorreito. Deixemo-lo que se expresse ao modo que aprouver sua maneira de dizer, o que ele quer dizer.

Quando eu tiver no tempo de ser gente grande, ninguém jamais irá zombar d’eu.

Eu pensava assim no meu tempo de criançagem já formano meu jeitcho de ser.

Aprumei meu faro pra onde o vento assoprava, e ai daquele que queira pensar mudar o meu juízo ou querer fazer de mim seu servil de mandado sem paga.

Num careço de bajulança berano ao redor d'eu, pois eu sei qui nasci só, já pra num pricisar de certas pareia que pra nada presta.

Sou dono do meu distino nasci pra ser o qui sou e viver do jeitin qui quero.

Minha labuta é custumera, e somente minha sombra pode me seguir, pois ninguém é merecedor da minha confiança e por isso aprendi fazer apartagem de quem num vale uma ruela furada sequer.

Já vi negança de bondade por bocas de traiçueiros que dispacharam muitas vidas em tocaias.

Eu infrento de frente qualquer malassombro que vinher topar comigo, seja noite ou seja dia, pois até o medo tem medo de mim e já butei pra correr foi pra mais de 100, sem contar o dispachar de almas que pra nada prestava, pois até hoje num fazem farta na terra.

Num marrependo de nada, pois esses que eu incumendei pros grinfas, devem tá nas prifundas acertano suas contas com o sujo medonho.

Eu já esfolei foi coro de cabra safado, de sordado medroso, de quenga dizaprumada que se feis ocupanti ou moradeira em cama alheia por trocados ricibidos, e de padre inganador que fez aproveitage de crianças inocentes nas vadiagens.

Raça mardita do cão. Se a gente se topar no inferno, eu dou-lhe sangragem novamente sem pena sem dó e sem um pingo de rimorço.

Bula cum eu, pula pá riba d'eu magote de peste treitera, fios dos cabrunquentos prometedor de palanque pra inganar votador desregulado de sabença e sem juizo, ou puxa saco de gente de teres em prata e ôro herdado de herança, ou de tomage de terras dos menos afurtunados.

Mexe n'eu não, pois meu punhal é ligero feito bote de serpente, meu facão mais amolado que afiador de navaia, e num guenta vê côro de gente ruim, e até hoje pra onde mirei meu parabelo, vi corpo tombar i sistribuchar na pueira, virando trapo de resto de nada pra alimentação das furmigas e dos vermes rastejantes.

Quem alisa ferro é marreta, e eu num bebo mel, mastigo o favo com azabeias junto que é pá num perdê nada.

E agora, vá cuidar da sua vida pois só de falar, já me dá vontade de passar a mão no papo amarelo e sair sentano o dedo só pá vê o bicho ecoar na baixada da serra donde isturra onça pintada e ôtros bichos de malassombros.

Camin... suma de perto d’eu e vá caçar um jetcho de vive a sua vida sem cruzar o meu caminho. Se não...

CARLOS SILVA POETA CANTADOR
Enviado por CARLOS SILVA POETA CANTADOR em 07/01/2022
Reeditado em 27/02/2022
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