NÃO OLHE PARA CIMA

“Don’t look up” é um recente lançamento cinematográfico, com excelentes artistas, meio tragicômico, caricatural e que contém um conteúdo importante. Para meu gosto, fluiu um tanto cansativamente e com humor discutível, mas gosto é gosto e ponto final. A crítica que o embasa vale para diversas coisas e é um ponto positivo, mas o meu senso estético de boa comédia é outro. Mas este meu NÃO OLHE PARA CIMA, na virada do ano, não tem muito a ver com o filme, salvo no que concerne ao “gancho” da disparada do calendário: ao passar inclemente do tempo e ao inevitável envelhecimento das pessoas, animais, prazeres e coisas. Não é propriamente a destruição do planeta ou o apocalipse, mas a diluição gradual da memória e o constante enterro do que passou, quer dizer, aquele fato de hoje que amanhã fica apenas como história. Sem outros temperos e acréscimos. Portanto, nesta abordagem, o “Don’t look up” é recomendável, em termos, já que não é um cometa gigante que vem súbita e inesperadamente em nossa direção. Bem-vindo 2022, 2023 e outros mais, se for o caso, não vou olhar para cima, como ninguém deve fazê-lo aflitamente, salvo quando um evento extra reclamar atenção. Bem, em tal caso, a gente regressa ao panorama crítico do filme e, então, salve-se quem puder. Quanto ao mais, é vinho tinto e boa mesa, no mínimo.