...Camila... - parte 3

Camila fugia, correndo...

E na estrada de barros

Sob seus pés... Se encontrava em si mesma, entre uma ou outra lesma escorregando nos galhos sob as gotas do orvalho, que petiscavam seus trapos já rasgados, rasgados pelo tempo guardado com ela... Assim, como se ela estivesse em outros tempos que não eram dela. Mas que eram, de certa forma, mas sem fôrma pra ela que não cabia, fora de forma! Disseram... Mas ela se encontrava, na ilusão de viver em si mesma saindo do mundo sem sair de si, entrando em uma pessoa nova, mas com quem convivia há tanto...

Despediu-se da velha vida, mas não do pai, da mãe, do marido, levou consigo só a margarida, um broche que tinha há tempos consigo, pois era aquilo que fazia sentido, levar consigo. Era um enfeite pra mente, por tanto tempo doente, era o que a confortava e o que norteava suas trevas privadas. Nas noites aladas, muitas vezes caladas... Por que se mentia em um mundo sensível? As mentes doentes... Mentiam somente pra dizer pra ela que sentir era errado, que ser era um equívoco... Serpentes com dentes de ouro em seu ouvido, que riam dela... Não mais esta noite, dissera a si.

Agora, era a sua vez de mentir, mentindo pra noite dizendo que era o seu dia, que o Sol raiava no frio e na ventania, sua vida dançava envolta em trovões e os salões que habitava não tinham portões... Uma noite tão clara, pois a alma avivada, se preenchia do luar e das nuvens velocistas, carregadas do ódio que o mundo tinha dela. A cada relâmpago, um grito de sermão, mas ela só ria, ela sorria, ela Sol, ela ia...