O Caminho e o caminhante.

"O excesso de zelo faz o caminhante mais seguro em seus passos, mas também torna a caminhada mais longa."

O som das pedras quebrando a cada passo traz ao caminhante a sensação de deixar para trás o passado. Seus passos são lentos e firmes. O vento levanta o casaco e traz algum frescor ao corpo quente.

Já são longos dias desde a partida, e no coração arde a certeza de que é preciso continuar. O sol aquece sua cabeça, enquanto o suor escorre pela testa e se prende ao semblante carrancudo que o acompanha durante uma caminhada. Não por rancor ou raiva, mas pelo esforço constante que uma jornada exige.

"Seria tão bom uma sombrinha", pensa o caminhante, enquanto abaixa a cabeça e observa a sombra à sua frente.

— Ufa, uma nuvem encobre o sol! — diz ele, aliviado.

Os passos continuam firmes. Ao levantar a cabeça, ele percebe que o fim da colina está próximo. As pedras quebram sob seus pés, ficando para trás, enquanto seus passos se tornam cada vez mais lentos.

— Estou cansado... Uma parada para descansar no fim da colina seria bom! — reflete o caminhante.

Depois de mais alguns passos, ele chega ao topo. Ergue a cabeça e observa o caminho percorrido. Vê suas botas empoeiradas e retire a mochila pesada das costas.

— Será que ainda resta um pouco? Sim! — exclama, ao encontrar algumas gotas no cantil. Elas descem pela garganta como mel.

O caminhante procura uma sombra e se senta por um momento. É como se todo o peso do mundo fosse retirado de suas costas. Ele olhou novamente para as botas, agora gastas, que com ele construíram um mapa em sua história.

"Como seria bom mais algumas gotas dessa água", pensa ele, enquanto observa o vento levar as nuvens de um lado para o outro, e o sol aparece por trás delas.

A brisa, mais uma vez, toca seu corpo e abraça seu rosto. De repente, seu semblante se torna tranquilo, e, respirando fundo, ele agradece. Novamente, se levanta e contempla o caminho percorrido e o que ainda tem pela frente.

O som das pedras volta a quebrar a cada passo...

Ouça enquanto lê o texto: Alba - Helmut Schenker