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"Sob o céu da longevidade"
Na semana anterior, assisti a um documentário na TV Minas, e vez por outra fico pensando em seu relato: pessoas que vivem numa pequena ilha grega do mar Egeu, denominada Icária. Imagine um cantinho do paraíso: montanhas floridas, praias desertas e um mar verde azul sob o céu da longevidade! Os icarianos vivem em média mais anos que todos os seres desse planeta, um terço de sua população ultrapassa os noventa anos de idade. Entre os nove mil habitantes da ilha, nada de elixir milagroso, estéticas que rejuvenescem num piscar de olhos e tantas outras imposições das sociedades ditas modernas. A agricultura é a principal atividade da ilha. Conhecedores dos segredos da terra, produzem e consomem seus próprios alimentos. Todas as casas têm pelo menos uma pequena horta, sem falar na dieta mediterrânea: peixe, tomate, azeite, pouco açúcar, carne e laticínios. Caminham muitos quilômetros pelos trilhos nos campos locais ou seja, espantam o sedentarismo, reduzem a demência, a depressão e afagam o coração! Sem os infernais horários de pico, a correria desenfreada e o barulho ensurdecedor das grandes metrópoles - xô estresse e ansiedade! - Nem ousem afetá-los! Usar relógio na ilha parece tão pouco apropriado, quanto deixar o celular ligado numa sessão de cinema.
É comum na ilha: a presença de ativas tecelãs aos 104 anos de idade, senhoras de noventa e cinco anos que cuidam de todos os afazeres domésticos, na companhia de si mesmas, pescadores narrando seus causos verdadeiros aos 101 anos, e tantos outros moradores nessas faixas etárias se esbaldando nos inúmeros festivais locais. Dizem que Icária é onde as pessoas se esqueceram de morrer. O que mais me encantou nesse documentário foi a simplicidade das casas de seus centenários - lindas de viver!