*O orgasmo
O orgasmo
Já começo na bronca, porque não consigo vislumbrar o mínimo grau de inteligência no grego que arranjou o apelido de (οργασμός) “orgasmo”, para o clímax do prazer sexual. O cabra tinha um mau gosto da peste! Decerto era mal humorado, não tinha sequer, um conhecimento, ainda que rasteiro, de relações humanas. Talvez até nem gostasse da fruta! O nome popular é infinitamente mais expressivo, convincente e excitante, para não dizer arretado! Orgasmo parece mais um nome de doença, vote!
Por causa desse tal orgasmo, foi que inventaram uma casa de escusos encontros, de nome afrancesado que, inicialmente, se chamava “rendez-vous”. Funcionava clandestinamente, só que o brasileiro cismou e mudou para outro substantivo. Eu conheci como “inferninho”, mas hoje, com esse anglicanismo infeliz, virou ‘motel’, inspirado nos hotéis situados às margens das rodovias norte-americanas.
Embora não tenhamos uma estatística concreta, mas o fato é que tivemos mais de vinte e quatro óbitos em motéis, em 2020, no Brasil, em decorrência de excessos. Isso equivale a duas mortes por mês. Parece-me um número preocupante. Nessa progressão, é possível que o nome daquele lugar para ‘mortel’. Também a parafernália que existe por lá não é desse mundo...
Para completar a minha já exacerbada indignação, acabei de ler que o porco tem um orgasmo com duração de trinta minutos. Valha-me, Afrodite! É de causar perplexidade que, com toda aquela banha milimétrica, uniformemente distribuída por uma massa bem inferior ao seu tamanho, de modo a deixá-lo quase redondo, nunca se tenha ouvido dizer que, um porco, mesmo velho, tenha morrido de apoplexia, ataque cardíaco, epilepsia, trombose ou qualquer outro incidente, num desses mágicos trinta minutos.
O orgasmo do cachorro, se não fosse por um bando de “isprito de porco”, que atira pedras quando o vê cruzando na rua, duraria sessenta minutos, com três fases de ejaculação. Uaaaaaaaaau! Tudo bem, porque o cachorro é nosso melhor amigo. Às vezes, claro. Digo ‘às vezes’, porque se comentam casos estranhos de maridos que pegaram suas mulheres na cama com seu ‘melhor amigo’. Fora isso, o cachorro bem que merece!
Eu nem irei deter-me sobre o leão e a anta. O leão, como Rei da Floreta, tem lá seus direitos preservados, e a anta é mesmo uma anta.
Não consigo digerir, nem mesmo engolir essa desfeita da natureza. Essa generosidade para com o porco me incomoda, me causa tristeza e uma grande antipatia.
Vejam só a mão de obra que temos! Pegar um carro por aplicativo já causa um baita desconforto, ao se notar o motorista querendo ver o rosto da moça pelo retrovisor interno. Os parques de diversão foram deslocados, estrategicamente, lá pro fim do mundo, onde o redemoinho encosta o bagaço da cana! Isso, por si só, já é um incômodo insuportável. Até que se chegue a esse nível de intimidade, já se gastou baldes de saliva, cantando “El día que me queiras”...
Agora, alguém já ouviu dizer que o porco, alguma vez, já pagou jantares regados a vinho para a leitoa? Cineminha com conversa ao pé do ouvido, pipocas, refrigerantes, doces, cervejas, presentes, caixa de chocolates? Coisa nenhuma! O porco não tem “finesse” nem escrúpulos. Além de ser rude, com um ronco horroroso, ele é um porco, na exata dimensão do termo. Seboso, fedorento, com um rebolado estranho e, além disso, o porco é cheio de banca! Ele olha pra gente de baixo para cima, como se estivesse a nos olhar de cima para baixo, com a maior indiferença. O bicho não tem pressa para nada. Então, por que ele tem direito a trinta minutos? Isso me tira do sério!
O homem gasta tempo com vestimenta, perfume, creme de barbear, ainda que seja imberbe. Academia, perfume pós-barba, decora frases bonitas e alguns ainda fazem versos, tudo isso por míseros cinco ou dez segundos, depois de uma canseira danada de puxa daqui, estica dali, ainda por cima, colocando a vida em risco!
Agora entendo os motivos da aversão dos muçulmanos e judeus aos porcos.
Na minha próxima feijoada, prometo que irei dar o troco e com juros! Irei começar comendo o rabo daquele folgado. Rabo, costelas, focinho, orelhas e o que vier!
Não me conformo com essa desfeita. Ó vida ingrata!
Aracaju-Sergipe, 14/ 12/ 2021