A Perfeição Existe: PARTE 1
Desde a semana passada (final agosto de 2021) venho pensando na perfeição. A meu ver, ela existe e pode ser um momento vivido e contemplado. Sabe aquela memória que nunca esqueceremos. Por isso, que o neurocientista argentino naturalizado brasileiro, Ivám Izquierdo diz que somos aquilo que evocamos e aquilo que resolvemos esquecer.
Para falar de perfeição pensei no último dia de vida do meu pai. Ei peraí! Como assim? Esse dia foi aquele mais tristes da sua vida!? Sim, claro. A morte do nosso pai significa a perda de uma das metades do nosso chão. Só o tempo e a maturidade nos devolvem posteriormente. Entre 2008 a 2013, descobri o significado da perda e entendi o luto. O que ele representa-me?
Hoje vejo que um dos dias mais difíceis para mim, revela aquilo que podemos chamar perfeição. O meu pai no seu dia de morte almoçou comigo. Fazia uns 15 dias que ele praticamente não se alimentava direito. No dia 14 de outubro de 2008, foi o contrário. A minha mãe fala que aquela se revelou como a melhora da morte. A cena dele me admirando foi perfeito. O amor estava presente naquela atitude e cena. Não saiu uma palavra da boca. O olhar dizia tudo. Senti algo tão profundo. Era eu e ele na mesa. Ele me dizia, “— filha querida. A teimosa é a que brilha mais. Ela tem algo especial...” Sei que jamais estarei sozinha. Às vezes em momentos difíceis da minha vida me vejo nessa mesma cena.
Sei que ele estava me dizendo naquele dia que chegaria em alguns momentos da minha vida que chamaria por ele. Com certeza meu incontestável e amado pai me diria, “filha às vezes a escuridão é necessária — sempre olhe para o teu horizonte. Quando se sentir perdida volte a sua origem”. Era julho, no inverno de 2021, quando sonhei com ele me dizendo essas palavras. No verão de 2020, em dezembro daquele ano, ele me disse em sonho, “olha para o teu horizonte é veja. Você só precisa olhar com a dimensão que tem o horizonte”. Olhei e vi uma lua extremamente linda, brilhosa e gigante.
Naquela primavera de 2008, fiquei feliz com sua melhora, pois, acreditei que ele ia viver mais. Ele estava dando adeus. Na hora a intuição me falou, “dê um abraço no seu pai”. Ele não me pediu e eu não consegui abraçá-lo. Quase morri depois por isso. Eu ficava memorizando como aquele abraço perdido. Hoje superei, pois, sei que algo dele está em mim, independente de qualquer coisa. O sentimento bom transborda. Nos meus momentos alegres, penso, “você estaria orgulhoso”. Nos momentos mais difíceis e tristes, penso, “o que você me aconselha?” A resposta sempre vem na medida certa.
Escrito em 31 de agosto e 3 de setembro de 2021.