DEPOIMENTO SOBRE A ESCRITA

Claro, os tempos mudaram, mas nem tanto assim. A arte da escrita não resulta necessariamente em ser escritor. No marketing, há carreiras fecundas com base no cultivo das letras, com a criatividade inerente ao dizer simples e certeiro. No cinema, televisão, teatro, igualmente. Ser escritor é outro passo – para alguns, muito fácil, para outros, suor e lágrimas. Na administração pública em geral ou na política pode render dividendo. Nem cogito aqui de advogados e jornalistas, pois é o feijão com arroz. Noto eventualmente a falta de tempero ou o cozimento excessivo, mas cada um com seu gostar. Não sendo nem escritor e nem um cultor da palavra escrita, fico à vontade para não curtir o tanto que leio ou para aplaudir o mais singelo texto. Como não sou julgador literário, é coisa muito minha e boi não lambe. A boa escrita é um mistério, que o diga Paulo Coelho, em sua mansão na Suíça. Mas eu me dirijo especialmente aos jovens, que não sabem se irão tornar-se médicos, engenheiros, arquitetos ou biólogos. Comecei a escrever muito cedo, lembro que já fazia poemas e os declamava aos 15 anos. Aos 18 anos, tive um discurso proferido pelo velho pai, deputado estadual, na Assembléia Legislativa, constando de seus anais. E assim a coisa fluiu, redigi para várias personalidades públicas, de molde a dizer que muito do que consegui na vida foi graças à produção de textos, sem ser escritor. Aliás, dificilmente poderia sê-lo, pelo contraste com a profissão ou com outras ocupações. Enfim, bem ou mal, o cacoete foi decisivo, no meu caso. Aliás, conheço casos similares, cada um a seu modo e conforme as oportunidades surgidas. Por isto, insisto tanto que escrevam, mal não faz. Independentemente da profissão abraçada. Na pior das hipóteses, você poderá divertir-se no Facebook ou em site correlato.