Quatro dias em casa
É feriado e eu estou com tanto tempo livre pra ficar de bobeira, pra fazer nada se quiser, que agora passei a desejar o contrário: quero fazer alguma coisa. Fazer nada durante muitas horas seguidas, mesmo que esse “nada” seja algo que eu goste – cansa (estão ai alguns porteiros como exemplo). Deus abençoe Gutenberg, Thomas Edison, os Irmãos Lumière e as novinhas, mas nem só de livros, música, filmes e sites de relacionamento vive o homem.
Na verdade, o que eu queria mesmo era ser como foi um Leonardo Da Vinci da vida, ter multitalentos. Criar tanta coisa ao mesmo tempo, ao ponto de morrer sem ter tempo de concluir algumas delas. O Leo devia sentir muito prazer no que fazia, provavelmente nunca se entediava em feriados prolongados.
Sim, meu caro, eu sou igualzinho a você, por mais que tudo, apesar dos pesares, esteja indo minimamente bem, eu tenho essa enorme dificuldade de desejar o que já tenho: só sei desejar o que não tenho! Mas talvez seja realmente culpa da minha bioquímica – que oscila entre 3 e 7 e se estabiliza em 5, isso segundo o Harari –, que não me deixa viver a vida mais satisfeito, curtir um feriado como esse com o que já possuo. Afinal, quatro dias em casa não era o que todos nós queríamos?